Livros em 2022: torres e abismos
Para quem, na sua já distante adolescência, tanto desejou encontrar em língua portuguesa uma edição confiável que o ajudasse a entrar na obra seminal de Geoffrey Chaucer, 2022 começou bem.
Sempre me intrigou a razão pela qual obras estruturantes do “cânone ocidental” — de Homero a Joyce e de Virgílio a Proust — têm conhecido no Brasil maior, quando não melhor, sorte do que em Portugal. Será porque, em Portugal, sempre se leu, melhor ou pior, “no original” — coisa que há cem anos significava ler em francês e hoje significa ler em inglês? É verdade que a literatura nunca teve em Portugal esse “grande público” (feito de miríficos “leitores comuns”) para o qual se inventaram os livros de bolso, as traduções e outros meios de “democratização” cultural, mas poderá isso justificar que se continue a olhar para o Brasil com condescendência ou, mais frequentemente, com sobranceira ignorância?
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