Os espectáculos (diante) do apocalipse

Ensanduichado entre o fim de uma pandemia e o início de uma guerra, 2022 foi um ano propício a arrebatamentos e estados alterados de consciência. E ainda bem: assim valeu a pena voltar a sair de casa.

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Carcaça, de Marco da Silva Ferreira

Reposta a normalidade nos palcos (mas não no mundo) após duas temporadas de montanha-russa pandémica, 2022 ia ser o ano em que nos sentaríamos na cadeira do espectador para finalmente relaxar só que não. Instalado o pânico nuclear logo em Fevereiro, de novo o sentido de urgência mais ou menos terminal que se infiltrou no inconsciente colectivo juntamente com a covid-19 encontrou o caldo certo para prosperar, fazendo de cada espectáculo um potencial último hurrah antes do apocalipse, tornando tudo muito mais abrupto e muito mais emocionante, nalguns casos até resvés bigger than life.

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