Tribunal belga mantém Eva Kaili em prisão preventiva
Acusada de envolvimento num esquema de corrupção, Eva Kaili vai continuar detida por mais um mês. Advogados tinham pedido a libertação com pulseira electrónica.
A eurodeputada socialista grega Eva Kaili, acusada de estar envolvida num esquema de corrupção ligado ao Parlamento Europeu que abrange o Qatar, vai continuar em prisão preventiva, determinou esta quinta-feira um tribunal de primeira instância belga.
“A câmara do conselho estendeu a prisão preventiva de E. K. [Eva Kaili] por um mês”, destacou a procuradoria belga em comunicado, divulgado horas depois da audiência realizada no tribunal em Bruxelas.
Os advogados de Eva Kaili podem recorrer desta decisão, noticiou a agência France-Presse (AFP).
A defesa da eurodeputada socialista grega tinha pedido ao tribunal a sua libertação com pulseira electrónica.
“Pedimos que Kaili seja colocada sob vigilância electrónica com pulseira, [até porque] participa activamente na investigação e rejeita qualquer acto de corrupção”, explicou o advogado.
“Ela é inocente, nunca foi corrompida”, garantiu o seu advogado grego, Michalis Dimitrakopoulos, que viajou de Atenas para Bruxelas para assistir à audiência e visitou a eurodeputada na quarta-feira, na prisão de Harem, onde Kaili está há duas semanas.
Sob a acusação de organização criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro, a polícia belga deteve vários suspeitos a 9 de Dezembro, entre eles a ex-vice-presidente do PE, Eva Kaili, entretanto destituída do cargo e retirada do grupo dos Socialistas & Democratas, e agora eurodeputada não-inscrita.
Também detidos foram o companheiro de Kaili, Francesco Giorgi, e o ex-eurodeputado italiano Pier Antonio Panzeri, numa operação que resultou na apreensão de malas de dinheiro com um total de 1,5 milhões de euros.
A eurodeputada grega foi detida apesar de gozar de imunidade parlamentar porque as autoridades belgas consideraram que tinha sido encontrada em flagrante delito.
O sindicalista italiano Luca Visentini e o pai da ex-vice-presidente do Parlamento Europeu, Alessandro Kailis, também foram detidos a 9 de Dezembro, mas libertados dois dias depois.
Já o secretário-geral da organização não-governamental No Peace Without Justice (Sem Paz Não Há Justiça), Niccolo Figa-Talamanca, foi deixado em liberdade, embora com obrigação de usar pulseira electrónica.
O caso envolve também dois outros eurodeputados, o socialista belga Marc Tarabella, cuja casa foi alvo de buscas sem que daí tenham resultado acusações, mas que foi suspenso do seu partido na Bélgica, e o socialista italiano Andrea Cozzolino, também suspenso do grupo socialista do Parlamento Europeu.
Os dois garantiram ser inocentes, tendo Cozzolino tornado público que quer testemunhar perante um juiz e que está disposto a renunciar à imunidade parlamentar.
Os advogados de Eva Kaili, que é eurodeputada desde 2014 e era uma das 14 vice-presidentes do Parlamento Europeu desde Janeiro de 2022, têm criticado as inúmeras fugas de informação, tendo anunciado esta quinta-feira que o Ministério Público belga abriu uma investigação.
Segundo informações de meios de comunicação belgas e italianos como os jornais Le Soir e La Republicca, Kaili confessou à polícia o seu envolvimento no esquema e reconheceu que pediu ajuda ao pai para esconder o dinheiro que tinha em casa.
Giorgi, companheiro de Kaili, também terá confessado estar envolvido no esquema, negando qualquer responsabilidade da companheira e mãe da sua filha, enquanto Panzeri terá reconhecido ter recebido pagamentos de 50 mil euros do Qatar e de Marrocos em 2019, depois de ter abandonado o mandato de eurodeputado que ocupou entre 2004 e 2019.