Ena Pá 2000 fazem o “último concerto” na passagem de ano

Banda de Manuel João Vieira e a sala Titanic Sur Mer anunciam actuação que “marca o fim de 40 anos de aquilo a que não se pode chamar uma carreira sequer”.

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Manuel João Vieira: banda Ena Pá 2000 vai dar o seu “último concerto” na passagem de ano Nuno Ferreira Santos

A banda portuguesa Ena Pá 2000 vai dar o seu “último concerto” na passagem de ano na sala lisboeta Titanic Sur Mer. “Este é o último concerto da carreira dos Ena Pá 2000” e “marca o fim de 40 anos de aquilo a que não se pode chamar uma carreira sequer”, lê-se nas redes sociais do espaço esta quarta-feira, sendo que o próprio grupo liderado por Manuel João Vieira tinha já feito um anúncio semelhante no domingo, falando na última actuação como o “concerto pré-reforma” dos Ena Pá 2000.

Os Ena Pá 2000 nasceram oficialmente em 1984 e foram “desde sempre uma banda que não se levou a sério”, diz o seu manager Tiago Baptista ao PÚBLICO, mas se posicionou “como um projecto de performance, com o propósito de intervenção”. Com êxitos como És Cruel (1991) ou Marilú (1991/2) a torná-los conhecidos num mainstream jovem logo no início da década, o seu humor, a abordagem política, o surrealismo lato sensu e as letras despudoradas fizeram com que não chegassem facilmente às rádios mas fizessem a festa das semanas académicas, dos concertos nas salas como o Maxime e o Paradise Garage, mas também espaços tão venerandos quanto a Fundação Serralves. Agora, parecem estar a anunciar o seu fim.

“Parece” porque, como responde Tiago Baptista, da Void Agency, às questões sobre se este é mesmo o fim do projecto, a banda “funciona numa anarquia cósmica” e o manager usa o mesmo tom divertido da banda para se ficar por um “se está escrito talvez seja verdade” ou “não confirmo nem desminto”. A única confirmação é mesmo a de que os Ena Pá 2000 darão o seu último concerto de 2022 (e possivelmente o da carreira) no Titanic Sur Mer, gerido por Manuel João Vieira na zona ribeirinha de Lisboa, na noite de 31 de Dezembro.

Ao seu lado no cartaz estão os DJ sets de Gazada, No Nazis in Punk e Caroline Letho. O concerto dos Ena Pá vai “percorrer as canções de uma vida e algumas do novo disco que nunca irão gravar”. No Facebook, os Ena Pá garantem em letras maiúsculas que este é “o último concerto” (mas não dizem se é do ano, se da sua longa Vida de Cão e Politicamente Incorrecto) e que a “banda que nunca conseguiu o que queria com Marilú fará a passagem de ano da sala lisboeta.

“Pode ser uma falácia ou uma manobra de marketing malicioso”, questiona-se retoricamente o manager da banda há nove anos, lembrando mais a sério que o grupo perdeu um dos seus históricos membros, Filipe Mendes (Phil Mendrix) em 2018.

A banda conta com vários álbuns gravados (e alguns problemas com editoras), começando com Enapália 2000 nas suas versões 1991 e 1992, És muita Linda (1994), Opus Gay (1997), 2001, Odisseia no Chaço (1999), A Luta Continua (2004) e mais recentemente o Álbum Bronco (2011).

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