Armazenamento nas albufeiras nacionais está nos 77% da capacidade máxima

As diferenças nas reservas de água entre o Norte e o Sul do país continuam a acentuar-se. Só Alqueva armazena mais de um terço das restantes 81 barragens nacionais.

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Chuva forte aumentou armazenamento de água nas barragens em Portugal Tiago Lopes

No espaço que mediou entre 12 e 19 de Dezembro, o volume de armazenamento nas 82 albufeiras nacionais que integram o Serviço Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH) aumentou 1561 hm3, colocando os níveis globais nos 10.179hm3, 77% da sua capacidade máxima, que ascende a 13.237 hm3.

A informação divulgada pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) refere que a 19 de Dezembro de 2022 e comparativamente ao boletim anterior (de 12 de Dezembro de 2022) verificou-se o aumento do volume armazenado em 15 bacias hidrográficas. Das albufeiras monitorizadas, 53% apresentam disponibilidades hídricas superiores a 80% do volume total e 15% têm disponibilidades inferiores a 40% do volume total.

Ainda assim, os armazenamentos na terceira semana de Dezembro de 2022, por bacia hidrográfica, apresentam-se inferiores às médias de armazenamento do mês de Dezembro (1990/91 a 2021/22), excepto para as bacias Lima, Ave, Douro, Vouga, Ribeiras do Oeste, Tejo e Guadiana.

Estão criadas as condições para que as barragens do Alto Lindoso, Alqueva, Castelo do Bode, Caniçada, Cabril, Paradela, Lagoa Comprida, Salamonde, Santa Luzia, Vilar-Tabuaço, Vilarinho das Furnas, Vendas Novas, Baixo Sabor (montante) e Gouvães retomem a produção de energia hidroeléctrica que o Governo suspendeu no passado dia 1 de Outubro.

Uma das albufeiras mais problemáticas, a barragem do Alto Lindoso, na bacia do Lima, que no final de Setembro armazenava apenas 20% da sua capacidade máxima, e já se encontra longe dos níveis críticos que a destacaram no contexto nacional. Mesmo assim, esta albufeira registou uma quebra de 57 hm3 no seu nível de armazenamento em relação ao início de Dezembro. Está neste momento com 69% do seu volume máximo de enchimento.

A barragem do Alto Rabagão, outra das 15 albufeiras que mantêm a suspensão temporária da produção hidroeléctrica desde o início de Outubro, está com um débito de 41%.

O rio Tejo passou a traçar a linha divisória entre o Norte, com 54 barragens localizadas nas bacias do Lima, Cávado, Ave, Douro, Vouga, Mondego e Ribeiras do Oeste, e o Sul, com 28 barragens nas bacias do Sado, Ribeiras do Alentejo, Mira, Guadiana, Arade, Ribeiras do Barlavento e Ribeiras do Sotavento algarvio. A norte do rio Tejo, 36 das 54 barragens apresentam níveis de armazenamento entre os 80 e 100%. Nas albufeiras do Sul, três albufeiras continuam no vermelho. Na bacia do Sado, Campilhas (8%) e Monte da Rocha (9%) e no Barlavento algarvio, a barragem de Bravura está com 11% da sua capacidade máxima de armazenamento.

A situação mais problemática mantém-se na bacia do Mira. A intensa precipitação atmosférica que ocorreu nas duas últimas semanas manteve praticamente inalterado o volume de água na albufeira de Santa Clara, que registou um acréscimo de apenas 1%, para ficar nos 36% da sua capacidade máxima.

As dez albufeiras da bacia do Sado armazenam no seu conjunto 283 hm3 (45,6% da sua capacidade máxima). E nas nove barragens da bacia do Guadiana o volume está em 3.658 (79,4%). Só as barragens da Vigia (44%) e de Beliche (49%) são as que apresentam menor caudal. O registo mais significativo aconteceu em Alqueva.

Bastaram duas semanas de intensas afluências vindas de Espanha para que o volume armazenado em Alqueva, conforme os dados publicados pela APA, registasse um acréscimo de 767hm3, que supera o volume de água consumido ao longo de 2022. Neste momento, Alqueva armazena 3348 hm3 (81%), que significa um aumento de 16% em relação à semana anterior.

Às 19h30 de hoje (terça-feira), do açude de Badajoz chegava um débito de 176 m3/s, quando, entre Janeiro e final de Novembro, o volume de água vindo de Espanha oscilou entre os 0 e 19 m3/s. No dia 14 de Dezembro, o caudal chegou aos 7776 hm3. Os números expressam a dimensão das afluências chegadas a Alqueva. No dia 20 de Dezembro, já superam os valores registados no dia 1 de Janeiro de 2022 (3250 hm3).

Nas sete albufeiras algarvias, a forte precipitação atmosférica não se traduziu em ganhos assinaláveis nas suas reservas de águas. Continua delicada a situação nas albufeiras de Odelouca (36%) e Odeleite (57%) que são o garante de grande parte do abastecimento de água para consumo humano e agricultura nesta região do Sul do país.

Os volumes armazenados nas 34 barragens instaladas na bacia do Guadiana em território espanhol também receberam um acréscimo no seu volume de armazenamento, que no dia 19 de Dezembro se situava nos 2943 hm3, quando em território português era registada, no mesmo dia, uma reserva de 3658 hm3.