Reino Unido vai manter ou aumentar ajuda militar à Ucrânia em 2023
Rishi Sunak nega rumores de uma redução no apoio à guerra, anunciando mais de 2,6 mil milhões de euros e pedindo a Kiev que não aceite negociações enquanto Moscovo não retirar.
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O Reino Unido vai “igualar ou exceder” os 2,3 mil milhões de libras (2,63 mil milhões de euros) de ajuda militar à Ucrânia no próximo ano, garantiu esta segunda-feira o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, durante uma cimeira com líderes dos países nórdicos, bálticos e neerlandês na Letónia.
O líder do Governo britânico, que pediu aos seus interlocutores que “continuem com o forte apoio” a Kiev, disse que é preciso fornecer “mais sistemas de defesa”, mais “artilharia” e mais “veículos blindados” às forças ucranianas.
Na reunião em Riga da Força Expedicionária Conjunta Britânica, que inclui, além do Reino Unido, Dinamarca, Finlândia, Estónia, Islândia, Letónia, Lituânia, Noruega, Países Baixos e Suécia, Sunak afirmou que o importante “é assegurar mais ajuda militar”, mas que esse auxílio “evolua para responder à situação que estamos actualmente a enfrentar”.
Numa altura em que se falava muito da possibilidade de Londres reduzir o seu apoio ao esforço de guerra ucraniano, Sunak veio responder com uma afirmação peremptória de que Londres continua ao lado do Governo de Volodymyr Zelensky.
Aliás, Sunak foi mais longe e pediu a Zelensky que não aceite qualquer negociação enquanto as forças russas continuarem dentro de território ucraniano.
“Devemos perceber que qualquer apelo unilateral a um cessar-fogo por parte da Rússia é absolutamente insensato no contexto actual”, afirmou o primeiro-ministro britânico, citado pela agência de notícias ucraniana Ukrinform.
Antes de Sunak partir para a Letónia, o seu gabinete informou que o Reino Unido vai enviar “centenas de milhares de munições para artilharia no próximo ano no quadro de um contrato de 250 milhões de libras [286,5 milhões de euros] que assegurará um fluxo constante de munições essencial para a artilharia na Ucrânia ao longo de todo o ano de 2023”.
Zelensky, que falou com os presentes através de videochamada, pediu a Sunak “o aumento de sistemas de defesa antiaérea” e que “ajude a acelerar as decisões correspondentes por parte dos parceiros”. Para o Presidente ucraniano, “um escudo aéreo de 100% sobre a Ucrânia é um dos passos mais bem-sucedidos contra a agressão russa”.
Bakhmut, centro de combates
Um escudo de defesa que viria a calhar a Bakhmut, a pequena cidade onde há combates desde o Verão e onde russos e ucranianos disputam cada metro de terreno com altos custos humanos e materiais. Antes da guerra, a cidade tinha 73 mil habitantes, por estes dias restam entre dez mil e 20 mil, escondidos debaixo do chão dos constantes ataques da artilharia russa.
Arruinada por tanto bombardeamento, a cidade situada na linha da frente do Donbass ganhou um valor simbólico que uns dizem ser maior que o seu real valor militar. Por dia, os ucranianos perdem mais homens que metros: segundo o Instituto do Estudo da Guerra, norte-americano, cerca de 400 soldados da Ucrânia são feridos ou mortos em Bakhmut diariamente.
“Esta batalha nos arredores da cidade concentrará mais de metade das perdas actuais na frente”, afirmou Cédric Mas, historiador militar do Instituto Acção Resiliência, ao jornal francês La Dépêche.
Aqui são os russos que estão na ofensiva e os ucranianos que defendem posições com unhas e dentes para não permitir que os russos possam cantar vitória numa cidade que foi ganhando importância política à medida que os combates se prolongavam.
Para os russos, além do incentivo para o moral da tropa que a conquista possa trazer, há também a considerar que muitos dos seus combatentes são mercenários do Grupo Wagner, o grupo paramilitar criado por Yevgeny Prigozhin que, à medida que os fracassos da ofensiva militar do Kremlin se somavam, foi ganhando mais influência no cenário de guerra. Uma vitória russa no terreno dará ainda mais peso a Prigozhin no Kremlin.