Ucranianos acreditam que a Rússia voltará a tentar conquistar Kiev
Responsáveis ucranianos coordenam-se para enviar uma mensagem de alerta: a Rússia pode estar a preparar uma nova grande ofensiva em 2023.
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Sem mudanças significativas na frente de batalha há várias semanas, desde que a Rússia abandonou Kherson, a guerra da Ucrânia aparenta ter chegado a um ponto de abrandamento, ou até mesmo de impasse, e ressurgiram declarações optimistas sobre a perspectiva de um acordo de paz para breve.
No entanto, num esforço de comunicação concertado, vários responsáveis políticos e militares ucranianos vieram a público alertar que as aparências iludem e que a Rússia está a preparar-se para uma nova ofensiva de grande escala. “Não tenho dúvidas de que eles vão fazer uma nova tentativa para tomar Kiev”, disse à The Economist o comandante das Forças Armadas ucranianas, Valeri Zalujni.
A revista britânica teve acesso a várias reuniões de Volodymyr Zelensky com os seus altos comandos militares na última quinzena e descreve a percepção que estes têm do que se passa no terreno. Zalujni assegura que “os russos estão a preparar uns 200 mil homens” e Oleksandr Sirski, que comanda o Exército, argumenta que “eles têm muito potencial em termos de recursos humanos”.
Os dois responsáveis estão convictos de que uma ofensiva russa como a que se viu em Fevereiro deste ano poderá acontecer novamente “em Fevereiro, no máximo em Março ou, no pior cenário, no fim de Janeiro”. A mesma ideia é sublinhada pelo ministro ucraniano da Defesa, Oleksii Reznikov, que deu uma entrevista ao The Guardian avisando que a Rússia “está a tentar começar a nova vaga ofensiva provavelmente em Fevereiro”.
É por isso, explica Zalujni, que as Forças Armadas ucranianas estão a tentar criar e manter reservas de soldados. “Os soldados nas trincheiras [do Donbass] que me perdoem. É mais importante que nos foquemos na acumulação de recursos agora para as batalhas mais duras e prolongadas que poderão começar no próximo ano”, disse o general. Por outro lado, acrescenta, os ataques russos ao sistema energético do país podem afectar o moral da tropa e dificultar a preparação dos reservistas.
A Ucrânia tem insistido na necessidade de os seus parceiros ocidentais fornecerem mais sistemas de defesa antiaérea ao país. Segundo a CNN, os Estados Unidos estão a preparar o envio para Kiev do sistema Patriot, que é considerado muito eficaz na intercepção de mísseis, e a Alemanha poderá fazer o mesmo. Citado pelo jornal russo Nezavisimaya Gazeta, o porta-voz do Kremlin declarou que a Rússia consideraria “absolutamente” os Patriot como alvos legítimos.
Na entrevista com a The Economist, o Presidente ucraniano diz que o “congelamento” da guerra só beneficia Vladimir Putin e insiste na devolução à Ucrânia de todos os territórios ocupados, incluindo a Crimeia. “Se ele retirar [a tropa] para as fronteiras de 1991, então o possível caminho dos diplomatas começará. É a única pessoa que pode tirar esta guerra de um caminho militar e pô-la num caminho diplomático. Apenas ele pode fazê-lo”, afirma Volodymyr Zelensky.