Companheiro de Kaili confessa envolvimento em esquema de corrupção
Francesco Giorgi é um dos quatro acusados no âmbito do Qatargate. Pede a libertação imediata da eurodeputada.
O companheiro da eurodeputada grega Eva Kaili, Francesco Giorgi, admitiu o seu envolvimento no escândalo de corrupção conhecido como Qatargate e pediu às autoridades belgas para libertarem a ex-vice-presidente do Parlamento Europeu.
A confissão de Giorgi, que trabalha como assistente parlamentar no PE, ocorreu durante a audiência desta quarta-feira no Palácio da Justiça, em Bruxelas, de acordo com documentos judiciais divulgados pelos jornais Le Soir e La Repubblica. Aos procuradores, Giorgi disse ter participado numa “organização” que tinha como objectivo influenciar decisões no Parlamento Europeu em favor do Qatar e de Marrocos. “Fi-lo por dinheiro do qual não preciso”, justificou.
No depoimento, Giorgi apontou o ex-eurodeputado Pier Antonio Panzeri como o mentor do esquema e pediu a libertação de Kaili. “Vou fazer tudo o que for possível para que a minha companheira seja libertada e possa tomar conta da nossa filha de 22 meses”, afirmou. A eurodeputada não compareceu à sessão de quarta-feira, em que foi decidido o prolongamento das prisões preventivas de Giorgi e Panzeri, e será ouvida no dia 22.
Giorgi, Panzeri e Kaili são três dos acusados por corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro no âmbito do Qatargate. Em causa está o recebimento de subornos por parte do Governo do Qatar para influenciar decisões no Parlamento Europeu. Durante as investigações, a polícia belga encontrou mais de 1,5 milhões de euros em dinheiro em várias residências e gabinetes associados aos acusados.
Para além dos três, também é acusado Niccolo Figa-Talamanca, secretário-geral de uma organização não-governamental de defesa dos direitos humanos italiana.
Os advogados de Kaili insistem na inocência da eurodeputada, que esta semana foi afastada do cargo de vice-presidente do Parlamento Europeu. Numa série de entrevistas a canais de televisão gregos, o advogado Michalis Dimitrakopoulos responsabilizou o companheiro da eurodeputada pelo dinheiro encontrado na sua casa.
“O dinheiro foi encontrado na casa e a pessoa que o pôs lá foi o companheiro dela. Quando encontrámos o dinheiro e não obtivemos uma resposta satisfatória acerca da sua origem, ela [Kaili] exigiu imediatamente que o dinheiro saísse da casa”, afirmou.
O caso foi recebido como um duro golpe para as instituições europeias, que tentam agora reconstruir a confiança dos cidadãos. A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, anunciou esta quinta-feira uma série de medidas que visam apertar as regras de lobbying na instituição, bem como o seu acesso por responsáveis estrangeiros.