Chuva melhora níveis de barragens no Algarve, mas mais no sotavento

Região “ainda não está nem de longe nem de perto numa situação desejável”, ressalva director regional de Agricultura.

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Imagem de drone da Barragem de Odeleite captada em Janeiro passado Miguel Manso

As últimas chuvas permitiram melhorar os níveis de água das principais barragens do Algarve, mas o aumento foi mais sentido no sotavento (este) do que no barlavento (oeste) da região, disse esta quarta-feira o director regional de Agricultura.

"O impacto [das chuvas] foi bastante assimétrico no Algarve, ao nível do sotavento, nas duas grandes barragens - Beliche e Odeleite - tivemos aportes substantivos", afirmou Pedro Monteiro, estimando uma "variação positiva nas reservas" destas duas albufeiras, "desde dia 4 até hoje, à volta de 15%". No entanto, no barlavento, a chuva que caiu "foi menor" e "a queda pluviométrica inferior", situando-se a média da última semana em metade da registada no sotavento.

Pedro Monteiro salientou que a sub-região algarvia em que mais chuva caiu foi a do Algarve Central, onde não há barragens, tendo-se registado uma média de 230 milímetros desde o dia 4, seguida do sotavento, com cerca de 200 milímetros, e do barlavento, com uma média pouco acima de 100 milímetros.

A pluviosidade mais baixa no barlavento "é uma coisa que, de há dois anos para cá, sensivelmente, se está a observar, ao contrário do que era hábito. Historicamente, chovia mais no barlavento do que no sotavento", constata o director regional. Com menor queda de chuva, o barlavento tem mais dificuldades para recarregar de água barragens ou aquíferos, que são as principais fontes de alimentação de água da agricultura no Algarve, "com 30 e 70%", respectivamente, refere o mesmo responsável.

"E isso explica que a barragem da Bravura [no barlavento] continue com valores de armazenamento total inferiores a 15% e seja a barragem que tem menos água no Algarve", justifica, acrescentando que as barragens de Odelouca e Arade têm valores também inferiores a 40%. Os dados sobre o armazenamento de água disponibilizados pela empresa Águas do Algarve, que se reportam às barragens de Odelouca, no barlavento, e Odeleite e Beliche, no sotavento, mostram que, na semana de 5 a 12 de Dezembro, a barragem de Odelouca subiu o volume total de 31,11% para 32,56%, enquanto o volume útil passou de 15,56% para 17,34%.

As chuvas fortes da última semana tiveram um maior impacto nos níveis de água acumulados das albufeiras do sotavento, com o volume total da barragem de Odeleite a passar de 29,54% para 49,60% e o volume útil a subir de 15,82% para 39,78%, ainda segundo a Águas do Algarve. A precipitação da última semana também fez com que a outra barragem do sotavento, a do Beliche, melhorasse os seus níveis no volume total (de 22,93% para 40,85%) e no útil (de 13,75% para 33,80%).

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Aumentar

Pedro Monteiro destaca a importância das chuvas dos últimos dias para as culturas, quer intensivas quer de sequeiro, mas também para as pastagens de animais ou para a apicultura, ao permitirem que as abelhas disponham de vegetação para produzir mel e fazerem a polinização. Por outro lado, constituem "um alívio para os custos e o bolso dos empresários agrícolas", que "durante, pelo menos um mês, não vão ter de regar" e gastar dinheiro em energia para o fazer.

O director regional de Agricultura e Pescas do Algarve ressalva, no entanto, que o Algarve "ainda não está nem de longe nem de perto numa situação desejável, porque partiu de uma situação que, em termos de níveis de reservas, era muito baixo".

"Ainda há um mês e meio tínhamos valores inferiores a 20% e tem de chover muito para que o nível das barragens e dos aquíferos atinja um nível de segurança que nos deixe mais descansados", avisa. "É necessário continuar a poupar água e a combater as perdas".