Oposição vê com bons olhos apoio de 240 euros, mas considera-o escasso e tardio
Marcelo Rebelo de Sousa assinalou que o valor fará “diferença” na vida dos que o receberem.
Nenhum dos partidos com representação parlamentar censura o apoio de 240 euros. No entanto, a oposição coincide na ideia de que é preciso mais e diferente. PSD recorda uma sua proposta, mais abrangente, no mesmo sentido, ao passo que PAN e PCP vêem a medida como insuficiente para um problema que consideram estrutural. Chega critica a sua abrangência e a IL considera que o número de beneficiários “revela um falhanço total” das medidas dos governos PS. Marcelo Rebelo de Sousa, por sua vez, assinalou que o valor fará “diferença” na vida dos que o receberem.
Durante a tarde desta quarta-feira, os partidos da oposição foram reagindo ao anúncio do apoio de 240 euros para as famílias que recebem prestações mínimas ou que beneficiem da tarifa social da energia. Nenhuma das forças políticas se opôs diametralmente à medida — o PSD chega mesmo a saudá-la —, todavia, a sua pontualidade e abrangência foram criticadas.
Desde logo, Luís Montenegro, líder do PSD, congratulou-se, considerando que o apoio vem dar razão ao que o partido defende há meio ano. "Quando o doutor António Costa se inspira nas ideias do PSD, ele faz algumas coisas bem-feitas. Quero saudar o doutor António Costa por dar razão àquilo que o PSD lhe disse há quase meio ano", afirmou.
"Eu venho fazendo isto deste Abril. Desde Abril que chamei a atenção do Governo de que era preciso ter um programa de emergência social para as famílias que são mais atingidas pelo aumento dos bens fundamentais”, salientou.
Relembrou, ainda, que no Verão, além do “apoio directo para o universo que o primeiro-ministro hoje [quarta-feira] identificou”, o PSD propôs a “descida do IRS para o 3.º, 4.º e 5.º escalões” — ou seja, Montenegro recordou que o seu partido havia proposto uma medida mais abrangente do que esta agora anunciada.
"Creio que o doutor António Costa se equivocou quando achou que a inflação era passageira. Ela não só não foi e não é passageira como está a tardar em poder baixar para um nível que permita às pessoas recuperar poder de compra para os bens essenciais", concluiu.
“Medida pontual para problemas estruturais”
Os partidos da esquerda queixaram-se de que a medida não é suficiente para combater os problemas estruturais do país e criticaram a actuação do Governo. O PAN considerou que, apesar de significativa, a medida "não tem um carácter estrutural e mais prolongado" como era necessário, defendendo que "é preciso ir mais longe".
O PCP, através da líder parlamentar Paula Santos, notou que a “medida revela uma abordagem pontual a problemas estruturais”. “A elevada inflação que se sente e o aumento especulativo dos preços não é um problema de um único mês, ou deste mês em que se aproximam as festas. É um problema que vem de trás e vai continuar a sentir-se”, acrescentou em declarações aos jornalistas.
Já o Bloco de Esquerda, através do líder da bancada Pedro Filipe Soares, considerou que “o Governo pretende dar por apoio aquilo que é de direito”. Rui Tavares, deputado único do Livre, relembrou ter afirmado, aquando do debate do Orçamento de Estado para 2022, serem “melhores medidas preventivas que ajudassem estruturalmente a nossa economia” do que “medidas reactivas”.
Marcelo diz que faz “diferença”
André Ventura, presidente do Chega, considerou positivo o apoio extraordinário de 240 euros para um milhão de famílias, mas defendeu que a "classe média" também deve ser contemplada.
A IL, por seu lado, afirmou que haver um milhão de famílias vulneráveis "revela um falhanço total das medidas económicas e sociais" que o PS tem adoptado. Ainda assim, o deputado Rui Rocha notou que os apoios direccionados às pessoas mais carenciadas "fazem sentido em momento de crise", como o actual.
Também Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, opinou sobre a medida, admitindo que a mesma poderá fazer “diferença” nas famílias carenciadas que dela beneficiarão. "Admito que, se forem famílias ou pessoas com rendimentos muito, muito baixos, 240 euros façam uma diferença na sua vida", assinalou.
O primeiro-ministro, António Costa, anunciou em entrevista à Visão o pagamento de uma prestação extraordinária de 240 euros que abrangerá um milhão de famílias. A medida será aprovada em Conselho de Ministros esta quinta-feira.