Vereadores do PS querem que Lisboa homenageie povo cigano
Socialistas pedem atribuição de topónimo a Jerónimo da Costa, um dos heróis na guerra da restauração.
Os vereadores do PS apresentaram uma proposta à Comissão Municipal de Toponímia da Câmara Municipal de Lisboa (CML) para que analise a atribuição do nome de Jerónimo da Costa a uma artéria da cidade. Os socialistas querem com esta iniciativa homenagear o “povo cigano que combateu na guerra da restauração, cuja heróica acção contribuiu para o Portugal politicamente independente”.
Estes vereadores lembram que, nas recentes celebrações do 1 de Dezembro de 1640, o Presidente da República, evocou publicamente “os serviços prestados à causa da Independência por portugueses de etnia cigana, presentes em terras lusas” e que foram “fortemente perseguidos e ostracizados desde o séc. XVI, em número de, pelo menos, cerca de 250 indivíduos, que serviram lealmente como militares na Guerra da Restauração” (1640-1668).
Salientam ainda que nesse grupo se destacou Jerónimo da Costa, “português de etnia cigana”, que, dizem citando o Procurador da Coroa da altura, Tomé Pinheiro da Veiga, serviu “três anos contínuos nas Fronteiras do Alentejo, com suas armas, e cavalo, tudo à sua custa, sem levar soldo algum, franca e fidalgamente”.
“Com o seu reverendo patriotismo e pertença ao povo português”, recordam ainda os socialistas, Jerónimo Costa “foi naturalizado português e recebeu foro de Cavaleiro-Fidalgo, postumamente, o que corresponde ao reconhecimento deste personagem histórico enquanto herói da Guerra da Restauração”.
Consideram ainda que lhes cabe enquanto cidadãos da cidade de Lisboa, “herdeiros do património humano e político da nossa história, fazer justiça por igual a todos”, com particular atenção “àqueles que ostracizados e discriminados, mesmo não tendo consagrada legalmente a naturalidade portuguesa à época e sendo tratados como estrangeiros, sentiam-se parte de toda a comunidade, servindo militarmente com elevado préstimo”.
“Que ao povo cigano que combateu na Guerra da Restauração, cuja heróica acção contribuiu para o Portugal politicamente independente, devemos prestar a nossa homenagem perpétua na pessoa do Cavaleiro-Fidalgo Jerónimo da Costa, personagem histórico que inequivocamente se destacou por seus feitos militares e abnegação”, salientam.
Os vereadores socialistas lembram também que, desde a Revolução Liberal, “o povo cigano e a cidadania portuguesa se confundem, embora tenham continuado a ser muitas vezes vítimas de processos intoleráveis de exclusão, o que paulatinamente se tem invertido com a adopção de políticas públicas mitigadoras da desigualdade”
Por fim, dizem entender “que o justo reconhecimento e homenagem daqueles que tombaram por Portugal”, como “o Cavaleiro-Fidalgo, português de etnia cigana, Jerónimo da Costa”, é um meio “para expressão da gratidão que lhes devemos e uma concretização justíssima do dever de memória que se constitui também como meio de combate à discriminação e exclusão” dos cidadãos de etnia cigana.