Clima: 330 milhões de pessoas a precisar de ajuda humanitária. Número quadriplicou

Mudança do clima vai acelerar crises humanitárias em todo o mundo em 2023, agravando os problemas criados por conflitos armados e crises económicas, indica estudo do International Rescue Committee.

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Acampamento em Sehwan, no Paquistão, acolhe população deslocada no país em 2022 Reuters/AKHTAR SOOMRO

As alterações climáticas vão acelerar as crises humanitárias em todo o mundo em 2023, agravando os problemas criados por conflitos armados e crises económicas, indica um estudo da organização não-governamental International Rescue Committee (IRC).

A entidade, sediada em Nova Iorque e liderada pelo ex-político britânico David Miliband, sinalizou que o número de pessoas que precisam de ajuda humanitária disparou ao longo da última década, chegando a 339,2 milhões. Em 2014, o IRC contabilizava 81 milhões.

A mudança climática está entre os principais factores que potenciam emergências humanitárias, observou o IRC, apesar do facto de que os 20 países na lista emergencial - nações como o Haiti e o Afeganistão - contribuem com apenas 2% das emissões globais de CO2. Por outras palavras, os mais afectados são aqueles que menos contribuíram para a crise do clima.

"O ano de 2022 mostrou que o papel da crise climática na aceleração da crise humanitária global é inegável", observou o relatório do IRC. O documento intitulado Emergency Watchlist 2023 sublinha ainda a ocorrência de eventos de precipitação extrema, que "trouxeram uma insegurança alimentar catastrófica para a Somália e Etiópia".

Investir na prevenção e mitigação

No Paquistão, as chuvas torrenciais provocaram milhares de mortes. O IRC também sinalizou a necessidade de “investir proactivamente na prevenção e mitigação das mudanças climáticas”.

A insegurança alimentar também tornou-se recorrente devido ao conflito crescente, bem como à crise económica provocada pela invasão da Ucrânia pela Rússia e pela pandemia de coronavírus, refere o relatório. Além disso, o fosso que existe entre as necessidades humanitárias e financiamento disponível aumentou. Em Novembro de 2022, o IRC registava um deficit global de 27 mil milhões de dólares (um valor semelhante em euros).

"Os doadores não estão a responder proporcionalmente", afirma o relatório. “O resultado é que as comunidades afectadas pela crise não conseguem ter acesso aos apoios necessários para sobreviver, se reerguer e reconstruir”.

O estudo do IRC também destacou que o número de pessoas forçadas a fugir, deixando para trás as próprias casas, aumentou para mais de 100 milhões. Em 2014, eram 60 milhões.

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