Copenhaga, cidade fantástica com gente feliz
“Não sei se Copenhaga é ou não a cidade mais feliz do mundo. Concluo, contudo, que é uma cidade onde gostaria de viver”, escreve o leitor Helder Taveira.
Há muito tempo que queria conhecer a cidade que dizem ser a mais feliz do mundo.
Com esse espírito, juntamente com a Luísa, a Paula e o Sérgio, lá fomos nós com vontade de conhecer essa forma de vida dinamarquesa. Encontrámos pessoas afáveis, educadas e sempre prontas a ajudar. Se nos viam de mapa na mão, prontamente perguntavam se precisávamos de ajuda.
Em Copenhaga, as pessoas têm uma relação umbilical com a bicicleta, que usam para se deslocarem para o trabalho, para ir às compras, transportar os filhos à escola e até para irem jantar fora. É um regalo ver as pessoas elegantemente vestidas a usar este transporte. Os automobilistas respeitam as pessoas que se deslocam de bicicleta e não vi nenhum a buzinar por estar impaciente.
Ao final do dia, as esplanadas enchem-se de gente jovem e menos jovem, que de copo na mão conversam alegremente, alheados dos telemóveis.
Como não podia deixar de ser, fizemos uma visita ao Parque Tivoli. Inaugurado a 15 de Agosto de 1843, é um dos mais antigos parques do mundo ainda em funcionamento. Foi a grande inspiração para Walt Disney, que o visitou em 1950. À noite, é interessante o espectáculo de luzes e cores.
Depois da Pequena Sereia, a segunda imagem de marca de Copenhaga, será certamente a das casas coloridas do canal Nyhavn. É sem dúvida um dos lugares mais visitados da cidade, devido aos históricos barcos de madeira e também pelos restaurantes, que o tornam bem animado. Noutros tempos, era um local frequentado por pescadores e prostitutas e foi aí, concretamente no número 20, que viveu Hans Christian Andersen, certamente o escritor dinamarquês mais famoso.
Estando em Copenhaga, não poderíamos deixar de visitar Christiania, em Christianshavn. No início dos anos de 1970, uma zona abandonada do bairro de Christianshavn usada para fins militares foi ocupada por algumas pessoas, que fizeram do local o seu espaço. Hoje, Christiania é um bairro muito procurado também por turistas de todo o mundo. É um bairro gerido pelos seus habitantes com base na colaboração entre vizinhos. Viver em Christiania é uma filosofia de vida, ideal para quem gosta deste modo alternativo de viver.
A Dinamarca está também fortemente ligado a Karen Blixen, que é certamente uma das maiores figuras da literatura dinamarquesa. Autora do livro Out of Africa, que deu origem ao filme com o mesmo nome, viveu muitos anos no Quénia, na sua quinta nas proximidades de Nairobi. Em tempos, visitei essa casa que serviu para as filmagens do filme e onde se encontram ainda recordações de Meryl Streep e Robert Redford e, como não podia deixar de ser, da própria Karen Blixen. A escritora voltou para a sua casa na Dinamarca, na pequena localidade de Runguested, nas margens do Báltico, onde veio a falecer em 1962.
Actualmente, essa casa é um museu e um agradável restaurante ao qual acedemos depois de uma caminhada ao longo da quinta ladeada de árvores, jardins, hortas, lagos e bancos de madeira para contemplar a natureza e ouvir os pássaros. Na casa que visitámos, onde escreveu Out of Africa, existem inúmeras recordações da escritora, como as suas roupas, quadros, livros, mobílias e objectos pessoais. No final da tarde, passeámos pelo porto de Runguested, cheio de vida e com bastantes restaurantes muito agradáveis.
Aproveitando o facto de estarmos em Copenhaga, numa viagem de cerca de 30 minutos de comboio que custou cerca de 13 euros fomos a Malmö, uma cidade sueca, no condado da Escânia. Atravessámos o estreito de Öresund que separa as duas cidades, pela ponte com o mesmo nome. A ponte Oresund é uma maravilha arquitectónica da autoria de George K.S. Rotne.
Malmö é uma cidade rodeada pelo azul das águas do Báltico e com canais que se podem percorrer em agradáveis passeios de barco. A sua imagem de marca é a Turning Torso, edifício com cerca de 190 metros de altura desenhado pelo arquitecto Santiago Calatrava.
Voltando à ilha Zelândia, onde se situa Copenhaga, foi tempo de calcorrear as ruas da cidade, assistir nas ruas a verdadeiros espectáculos de ópera, música clássica, jazz, andar de bicicleta.
Neste período passado em Copenhaga tentámos sentir o tão em moda hygge dinamarquês, que é no fundo uma filosofia de boa vida, em que se valorizam os pequenos prazeres simples e acessíveis a toda a gente. Por exemplo, passear calmamente de bicicleta pelas ruas da cidade, beber um chá quente enquanto se lê um bom livro, jantar à luz das velas, sentar-se num banco de jardim a ouvir o chilrear dos pássaros. Numa fórmula simples, será um apelo ao uso dos sentidos.
Não sei se Copenhaga é ou não a cidade mais feliz do mundo. Concluo, contudo, que é uma cidade onde gostaria de viver.
Helder Taveira, Luísa, Paula e Sérgio