O Santos da casa que fez (alguns) milagres

Na selecção nacional há mais de oito anos, Fernando Santos fez história e deu outros contributos. Mas nunca foi (nem nunca deverá ser) totalmente consensual, sobretudo após a eliminação do Mundial.

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Fernando Santos durante o jogo com a Coreia do Sul no Mundial 2022, que Portugal perdeu por 2-1. Reuters/MATTHEW CHILDS

Foi a 7 de Setembro de 2014 que Portugal perdeu, em casa, por 0-1 frente à Albânia, no primeiro jogo da fase de qualificação para o Euro 2016. Como resultado, o seleccionador nacional Paulo Bento foi dispensado e no dia 23 do mesmo mês, Fernando Santos foi anunciado como o seu substituto.

Depois de orientar Portugal por 109 jogos e de conquistar os únicos títulos da história da selecção (o Euro 2016 e a Liga das Nações de 2019), Fernando Santos pode ser considerado como um dos treinadores mais influentes da equipa nacional.

No entanto, também é um dos mais contestados, algo que não parece incomodá-lo: “Tenho contrato até 2024. Mais directo não posso ser”. Assim reagiu à eliminação de Portugal da Liga das Nações deste ano, após a derrota com a Espanha, em Setembro, em conferência de imprensa. E já neste sábado voltou a não dar grande relevância ao tema, limitando-se a dizer que iria conversar com Fernando Gomes nos próximos tempos.

Para além disso, o balanço que se fará do “reinado” de Fernando Santos ainda terá em conta as duas desilusões em Mundiais consecutivos. No entanto, os títulos conquistados não foram as únicas contribuições de Fernando Santos para a selecção.

Melhor média de pontos da carreira

Depois de treinar em oito clubes e noutra selecção (a Grécia), é por Portugal que Fernando Santos foi mais feliz em termos resultados, tendo uma média de pontos por jogo de 2,07 (o valor mais alto da sua carreira). Tal resulta de 68 vitórias, 21 empates e 20 derrotas. Esta é uma média mais alta do que a de todos os treinadores que orientaram Portugal neste século, durante o período de cada um na selecção.

Outra faceta do treinador foi o número de jogadores que fez estrearem-se pelo país – um total de 59. Nomes importantes durante o Euro 2016 como Raphael Guerreiro, José Fonte, João Mário e Renato Sanches só chegaram à selecção pela mão de Fernando Santos, que depois os soube integrar na equipa vencedora do Europeu.

Depois, são vários os atletas que chamou pela primeira vez, quando estes ainda eram novos, e que hoje são figuras importantes e, na sua maioria, titulares por Portugal, tais como Bernardo Silva, João Cancelo, Bruno Fernandes, Danilo, João Félix ou Diogo Jota. Todos estes estrearam-se pela selecção com idades compreendidas entre os 19 e os 23 anos.

Ainda foram sete os jogadores com menos de 20 anos que Fernando Santos lançou na selecção, sendo o mais recente António Silva.

Cristiano Ronaldo também teve o seu melhor rendimento por Portugal enquanto foi treinado por Fernando Santos. Antes da chegada deste à selecção, o jogador apontara 50 golos em 114 jogos. Depois da chegada do engenheiro, marcou 68 golos em 82 jogos.

Histórico em Competições

Já no que toca aos jogos verdadeiramente importantes – os das grandes competições (Europeus e Mundiais), o histórico recente de Portugal não é o melhor, tendo em conta o inegável talento dos seus jogadores.

Após a vitória no Euro 2016, Portugal foi eliminado no seguinte Europeu (de 2020) e no Mundial 2018 nos oitavos-de-final, e em ambos os casos não venceu o seu grupo. O Mundial 2022 foi mesmo a primeira grande competição na qual Fernando Santos, com Portugal, conquistou mais do que uma vitória durante o tempo regulamentar, mas acabou por, de novo, ficar aquém das expectativas.

Texto editado por Jorge Miguel Matias

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