Marrocos-Portugal: a análise individual aos jogadores portugueses
Na despedida da selecção portuguesa do Mundial 2022, Bruno Fernandes, Bernardo Silva e João Félix foram os melhores portugueses contra Marrocos.
Diogo Costa - 3
A qualidade, o talento e o enorme futuro que terá pela frente nunca estarão em causa, mas Diogo Costa ficará para sempre ligado ao lance que decidiu o destino de Portugal no Qatar. Após o susto no último minuto com o Gana, num lance fortuito, o jovem guarda-redes respondeu ao seu nível nas partidas seguintes, transmitindo segurança à equipa. Porém, o minuto 42 do duelo com Marrocos é uma nódoa difícil de limpar. Com uma saída dos postes completamente falhada, Diogo Costa abriu caminho para En-Nesyri inscrever o seu nome como o melhor marcador de sempre de Marrocos em Mundiais. A partir daí, um jogo que seria de paciência transformou-se num contra-relógio sufocante.
Diogo Dalot - 5
As boas exibições contra a Coreia do Sul e Suíça justificaram a manutenção do defesa do United no lado direito, mas Diogo Dalot raramente criou desequilíbrios pelo seu flanco. A tarefa do lateral até parecia facilitada pela ausência no “onze” de Marrocos de Noussair Mazraoui, mas, na estreia a titular, Yahia Allah, o substituto do jogador do Bayern Munique, esteve em muito bom nível. Aos 79’, com problemas físicos, teve que ser substituído, condicionando a última opção de Fernando Santos.
Pepe - 5
Partida ingrata para Pepe. No 12.º jogo por Portugal num Mundial – marca apenas superada por Cristiano Ronaldo -, o central viu-se forçado a ser quase um “6” – foi o jogador com mais passes (101) durante todo o encontro -, mas os rápidos contra-ataques marroquinos deram sempre muito trabalho a Pepe. A defender, teve uma falha no início da segunda parte, quando perdeu um lance pelo ar com El Yamiq, que quase batia pela segunda vez Diogo Costa. Foi, todavia, no ataque que Pepe cometeu o seu maior pecado: aos 90’+7’, na última oportunidade portuguesa, falhou de cabeça uma das mais flagrantes ocasiões de golo de toda a partida.
Rúben Dias – 4
A velocidade dos ataques marroquinos nunca deu conforto a Rúben Dias, que se sente sempre mais confortável em duelos físicos com avançados fixos. Acaba por estar também ligado ao golo de Marrocos, embora sem ter o mesmo grau de responsabilidade de Diogo Costa.
Raphael Guerreiro – 5
Foi dos primeiros a tentar derrubar o muro marroquino, mas, aos 13’, um remate perigoso do esquerdino acabou bloqueado. Foi, durante os primeiros 45 minutos, quem mais tentou ganhar a linha de fundo e colocar a bola na área - quatro cruzamentos -, mas, logo no início da segunda parte, foi substituído, sem que Portugal tivesse ganhado muito com isso.
Rúben Neves – 4
Sem ser uma surpresa - foi a primeira escolha no Mundial para a posição “6” -, foi a novidade no “onze” em relação ao jogo dos “oitavos” contra a Suíça. Se contra os helvéticos William Carvalho dava o equilíbrio necessário frente a um rival que ia arriscar, contra uma formação marroquina que ia jogar muito recuada, Fernando Santos tentou colocar um médio com vocação mais ofensiva. No entanto, tal como tinha acontecido contra o Gana e Coreia do Sul, Rúben Neves prendeu sempre demasiado a bola, retirando a velocidade que era necessária para apanhar a defesa de Marrocos desorganizada.
Otávio - 5
Fez um jogo à sua imagem – combativo e esforçado -, mas nunca conseguiu dar o toque de criatividade necessário para desmontar a estratégia de Marrocos. Mesmo assim, esteve perto de terminar o jogo com uma assistência, mas, aos 58’, Gonçalo Ramos desperdiçou um bom cruzamento feito por Otávio.
Bruno Fernandes - 6
Tentou de todas as formas, passou por todas as posições do meio-campo e, nos minutos finais, ainda se viu forçado a fechar o lado direito da defesa, após a saída por lesão de Diogo Dalot. Numa partida em que era necessário ter toneladas de paciência, Bruno Fernandes assumiu, a par de Bernardo Silva, o papel de principal construtor e, de forma directa ou indirecta, esteve ligado às grandes oportunidades de Portugal. Aos 4’ e 13’ serviu João Félix e Raphael Guerreiro, que estiveram perto do golo; aos 90’+1’, colocou Cristiano Ronaldo na cara de Bono, que ganhou o duelo com o avançado português. O competente guarda-redes do Sevilha nada podia fazer aos 45’ e 64’, mas, quando tentou resolver sozinho, Bruno Fernandes não teve a sorte do seu lado: em cima do intervalo, com um remate repleto de intencionalidade, acertou na barra; na segunda parte, na única vez que teve espaço à entrada da área, o seu remate passou a um par de centímetros do ferro. Acabou a partida com 12 cruzamentos e extenuado, com tudo dado em campo.
Bernardo Silva – 6
Durante todo o Mundial 2022, foi o jogador que mais se sacrificou em prol da equipa e, na despedida do Qatar, os números de Bernardo Silva reflectem na perfeição a abnegação do médio do Manchester City. Com 12,39 quilómetros, o “10” de Portugal foi o jogador que mais correu. Quase sempre, fazendo o que era preciso: foi também quem mais quebrou linhas (28). Sem ter no Qatar o génio que todos lhe reconhecem, Bernardo Silva foi sempre dos melhores em todos os jogos.
João Félix – 6
O golo cedo marcado contra a Suíça transformou a partida dos “oitavos” num parque de diversões para João Félix. Contra Marrocos, o avançado viu-se quase sempre preso num colete-de-forças bem apertado, mas, mesmo sem o espaço que precisa para brilhar, o (ainda) jogador do Atlético de Madrid conseguiu ser a principal ameaça para Yassine Bono, acabando o encontro como o jogador que mais bolas recebeu entre linhas (14). Na primeira parte esteve por três vezes perto de inaugurar o marcador. Após o golo de Marrocos, cada centímetro em frente à baliza africana ficou ainda mais caro, mas, mesmo assim, Félix só não marcou porque Bono voltou a exibir-se a grande nível.
Gonçalo Ramos – 4
Depois da exibição superlativa contra a Suíça, Gonçalo Ramos foi uma das principais vítimas da estratégia ultra-defensiva de Marrocos. No entanto, antes de ser substituído, teve uma oportunidade flagrante, que não soube aproveitar.
Cristiano Ronaldo – 4
Entrou aos 51 minutos e, na primeira vez que tocou na bola, quase que oferecia a Bruno Fernandes o golo. No entanto, na 196.ª internacionalização, Cristiano Ronaldo acabou por não fazer a diferença e, já perto do fim, teve nos pés uma oportunidade que, noutra altura da sua carreira, dificilmente perdoaria.
João Cancelo - 4
Foi, juntamente com Cristiano Ronaldo, a primeira aposta de Fernando Santos, mas acabou o Mundial como começou: com uma exibição banal e a muitas milhas do que já mostrou ser capaz.
Rafael Leão – 5
Sai do Qatar sem nenhum jogo a titular e como o principal sacrificado da forma como Portugal ataca – e os rivais defendem. No entanto, mesmo contra o muro marroquino e sem espaço para as suas arrancadas, Rafael Leão foi o suplente que mais impacto teve na partida.
Vitinha – 4
Esteve em campo quase meia hora, mas, numa fase de muito coração e pouca cabeça, não trouxe nada de novo.
Ricardo Horta – 3
Com a lesão de Dalot, foi a opção de recurso de Fernando Santos. Numa altura em que a única opção era o futebol directo, acabou por ser uma má aposta.