Sim, levo bolachas para o Portugal-Marrocos

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As "bolachas da sorte", diz um australiano DCO

Matthew Marshall é um jornalista australiano com ligação a Portugal e responsável por acompanhar a selecção portuguesa para os “cangurus”. É uma figura que já apareceu por aqui, noutros textos, e que tenho de voltar a referir.

Ele pouco diz em português, mas vibra como nenhum outro jornalista “tuga” tem vibrado na zona portuguesa da tribuna de imprensa — é dos que fazem um cumprimento de punho no apito inicial, como que juntando forças numa aliança luso-australiana com os portugueses que lá estejam, além de um bater de palmas quase como automotivação.

Estavam decorridos 17 minutos do Portugal-Suíça. João Félix passa para Gonçalo Ramos, o avançado recebe, “sela” o defensor nas suas costas, roda e dispara um “míssil” de pé esquerdo. Tão belo como inesperado.

Possuído, Matthew disparou também ele um míssil — uma pancada forte no meu braço, acompanhada de um “vámóz!” O meu telemóvel voou, como mais tarde voou Pepe entre os centrais — Jardel e Rui Veloso que perdoem a apropriação musical —, e desceu uns seis ou sete degraus, batendo em pelo menos três deles. Saiu-me o natural impropério de quem contava ter ficado sem telemóvel, mas, não sei bem como, ele estava intacto.

Serve este episódio como contexto para a decisão que terei de tomar para este sábado, antes do Portugal-Marrocos. É que Matthew é tomado pela emoção.

Nesse jogo, partilhei com o jornalista australiano as bolachas que levei num tupperware amarelo. Se não me engano, foi no 4-0, de Guerreiro, aos 55 minutos, que ele, entusiasmado com tamanha competência portuguesa, disparou: “Será que é das bolachas?” Revirei os olhos, sorri e respondi: “A sério? Isso é ridículo.” “São as bolachas da sorte!”, reforçou, entusiasmado.

No fim do jogo, terminada a crónica, arranquei rapidamente para a zona mista. E ele não me deixou sair sem um recado.

— No sábado, tens de trazer as bolachas da sorte, meu!

Na vida ou no futebol, o meu ímpeto supersticioso é abaixo de zero. Mas vou ceder e irei ao supermercado antes do jogo. O australiano não me deixará em paz se eu aparecer na tribuna sem as bolachas. Pior: e se Portugal perder? Prefiro não arriscar ficar sem telemóvel.

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