PCP questiona Governo sobre tentativa de coacção de tripulantes que iam fazer greve

Comunistas questionam se o Governo tem conhecimento de que “a administração da TAP enviou uma mensagem de correio electrónico aos tripulantes de cabine”.

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A greve dos trabalhadores da TAP termina esta sexta-feira depois de terem sido cancelados 360 voos LUSA/MÁRIO CRUZ

O PCP questionou esta sexta-feira o Governo sobre uma alegada tentativa de coação por parte da administração da TAP para dissuadir tripulantes que planeavam fazer greve entre quinta-feira e sexta-feira.

Numa pergunta endereçada ao ministro das Infra-estruturas, através do Parlamento, o PCP questiona se Pedro Nuno Santos tem conhecimento de que "a administração da TAP enviou uma mensagem de correio electrónico aos tripulantes de cabine, dias antes da greve decretada para 8 e 9 de Dezembro, onde solicitava que os trabalhadores nomeados para um serviço de assistência nos dias da greve informassem se iriam fazer greve".

A bancada comunista pergunta ao executivo se considera "plausível e aceitável" que a administração da companhia aérea tente "coagir os trabalhadores" e se a tentativa de condicionar a adesão à greve coloca "em causa o direito constitucional". O PCP quer também saber se o Governo pondera "intervir junto da administração da TAP" para "impedir tais práticas".

Os comunistas denunciam que a mensagem enviada pela administração da TAP pedia uma resposta dos tripulantes "até às 22h" de 7 de Janeiro, véspera do início da greve, "e caso não houvesse resposta, iria assumir que o trabalhador estaria em greve".

"O direito à greve é um direito constitucional dos trabalhadores e o seu exercício não requer informação à empresa pelo trabalhador", sustenta a bancada comunista, advertindo que é "urgente reverter" as "tentativas de intimidação e o prolongamento dos cortes nos salários e direitos dos trabalhadores da TAP".

Greve termina esta sexta-feira (mas regressa em Janeiro)

Até às 11h desta sexta-feira, a TAP tinha operado os 41 voos previstos do total de 119 programados. Devido à greve convocada para quinta e sexta-feira pelo Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), a TAP está a operar com serviços mínimos decretados pelo tribunal arbitral e pelos seus parceiros.

Segundo a companhia, na quinta-feira, o primeiro dia da greve, "foram feitos todos os 148 voos previstos, sendo 64 de serviços mínimos". Afirmando que "lamenta profundamente esta situação, que prejudica os clientes, a companhia e o país", a TAP garante que "continua, como sempre, disponível para negociar com o SNPVAC, bem como com todos os sindicatos".

A este propósito, salienta que "aceitou nove das 14 propostas do sindicato e pediu que a sua assembleia geral fosse antecipada para evitar o impacto na operação da companhia".

"O aviso de greve dos tripulantes de cabina levou a TAP a cancelar 360 voos, uma decisão tomada tendo como prioridade a protecção dos clientes", sustenta, afirmando que "pediu atempadamente aos seus passageiros para que remarcassem os seus voos voluntariamente" e que "todos os passageiros puderam pedir a remarcação ou um reembolso".

Pedindo "desculpa a todos os passageiros", a companhia assegura que "tudo está a fazer para minimizar o impacto" da greve e "agradece o profissionalismo de todos os tripulantes de cabina incluídos nos serviços mínimos, bem como os esforços de todos os trabalhadores da TAP envolvidos nesta operação".

Os tripulantes de cabina da TAP cumprem esta sexta-feira o segundo de dois dias de greve, convocada pelo SNPVAC, por falta de acordo nas negociações do novo Acordo de Empresa (AE).

Os tripulantes da TAP decidiram, na terça-feira, manter a greve e aprovaram também a marcação de pelo menos mais cinco dias de paralisação até 31 de Janeiro. Na moção votada na assembleia geral de associados, na terça-feira, o SNPVAC considera que "a TAP preferiu "pagar para ver" os efeitos da greve, ao invés de repor aos tripulantes aquilo que unilateralmente lhes retirou".

Por sua vez, a presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, disse lamentar a decisão do sindicato, manifestando-se disponível para tentar encontrar soluções que evitem mais disrupções. A TAP e os sindicatos encontram-se em negociações para a revisão do AE, no âmbito do plano de reestruturação. A TAP propõe cortes nos salários e flexibilização de horários, entre outras medidas.