Com o fim da greve na TAP, falta perceber se haverá mais nas próximas semanas
Sindicato dos tripulantes de cabina e gestão da TAP continuam sem sinais de entendimento. Segundo dia de greve está hoje a chegar ao fim, mas pode haver mais paralisações até ao final de Janeiro.
Depois da greve de tripulantes de cabina desta quinta e sexta-feira, falta agora saber se há mais paralisações na TAP nas próximas semanas. A direcção do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), liderada por Ricardo Penarroias, tem em mãos “carta-branca” dos seus associados para marcar "um mínimo de cinco dias” de greve a realizar até 31 de Janeiro. As datas podem ser definidas pela direcção, que tem de as comunicar aos associados “24 horas antes da entrada do pré-aviso de greve".
Tendo como pano de fundo os últimos dois anos e meio de pandemia, que levou ao plano de reestruturação e ajudas públicas à TAP, e a proposta de novo acordo de empresa que gestão apresentou, e que o SNPVAC classificou de “ultrajante”, a greve desta semana afectou pelo menos 360 voos, desmarcados previamente pela companhia.
Esta sexta-feira de manhã, em declarações aos jornalistas, Ricardo Penarroias sublinhou que as relações entre as duas partes estão “bem piores” do que no momento em que a greve desta semana foi decidida, no início de Novembro. A empresa, defendeu, quis “desinsuflar” a greve com os cancelamentos antecipados. Sobre o que poderá acontecer nas próximas semanas, com a quadra de Natal e o fim de ano pelo meio, o dirigente sindical recordou apenas que tem o mandato para um mínimo de cincos dias para paralisação, e que, “até à data” a direcção do sindicato “não recebeu nenhuma proposta” nem um “agendamento de reunião para dialogar”.
Esta tarde, no mesmo comunicado em que fez o balanço dos efeitos da greve - afirmando que ia efectuar os 119 voos previstos (incluindo Portugália e serviços mínimos obrigatórios) mas com um cancelamento –, a TAP aproveitou para afirmar que não há “quaisquer violações ao actual acordo de empresa”.
“A TAP em 2020 esteve em sério risco de fechar”, destacou a empresa liderada por Christine Ourmières-Widener no comunicado, mas “o esforço e investimento do Governo e dos contribuintes evitou que isso acontecesse”. De acordo com o comunicado, a greve, algo a que a TAP não assistia deste 2015, é uma reacção ao fim do acordo que tinha estado em vigor até à pandemia. Já quanto ao acordo temporário de emergência, assinado no ano passado, é “impossível” de reabrir “uma vez que isso poria em causa o plano de reestruturação e a recuperação da companhia".
A empresa destaca ainda o que diz serem os “maiores desafios” dos tripulantes de cabina: “A produtividade ser mais baixa do que nos principais concorrentes europeus”, e “o absentismo ser mais alto do que a média dos restantes trabalhadores da TAP e mais alto que o dos principais concorrentes europeus”.
Neste momento, e sem se saber o que vai acontecer, o clima de incerteza já poderá estar a condicionar as reservas de bilhetes para as próximas semanas por parte dos passageiros.