Resistência a antibióticos é uma das principais ameaças à saúde global

Organização Mundial da Saúde destaca os níveis elevados de resistência a antibióticos das infecções sanguíneas em contexto hospitalar, principalmente em países com menores rendimentos.

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Organização Mundial da Saúde mostra preocupação com os níveis elevados de resistência a bactérias em contexto hospitalar LISI NIESNER/reuters

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta esta sexta-feira que a resistência bacteriana a antibióticos está entre as dez principais ameaças à saúde pública global, salientando a "grande preocupação" das infecções sanguíneas em contextos hospitalares.

"A resistência antimicrobiana representa uma ameaça global significativa de proporções económicas e de saúde pública de grandes proporções", salienta o quinto relatório do sistema de vigilância da OMS, divulgado esta sexta-feira.

O documento salienta que a medicina moderna depende de medicamentos antimicrobianos eficazes, mas foram registadas altas taxas de infecções resistentes em toda uma ampla gama de microrganismos nas várias regiões da OMS.

"Os níveis muito elevados em 2020 de resistência antimicrobiana em agentes patogénicos que causam infecções na corrente sanguínea, independentemente da cobertura dos testes, são uma grande preocupação", alertou ainda a organização.

Além disso, segundo o relatório, os níveis muito elevados de resistência a diversas bactérias que causam infecções sanguíneas implicam que se "fortaleça as medidas de prevenção e controlo de infecções em contextos hospitalares a nível global".

A OMS salienta ainda que os resultados deste relatório demonstram a necessidade contínua de construir sistemas de vigilância robustos, capazes de produzir dados que possam ser utilizados para informar e avaliar as acções de saúde pública.

O documento sublinha que a pandemia da covid-19 pode ter tido impacto na capacidade de alerta de vários países e territórios, com a OMS a recomendar um reforço da vigilância, particularmente em países com baixos e médios rendimentos.

"A baixa proporção de países e territórios que executam garantias externas de qualidade em todos os laboratórios clínicos que servem sistemas nacionais de vigilância exige um esforço global urgente para apoiar o desenvolvimento de redes clínicas nacionais de bacteriologia, particularmente nos países de baixo e médio rendimento, e uma rede global de laboratórios de microbiologia para apoiar o diagnóstico em todas as regiões", adianta o relatório.

Segundo dados recentemente divulgados pela Direcção-Geral da Saúde (DGS), Portugal registou uma redução em 2020 do consumo de antibióticos em ambulatório. A utilização de quinolonas, um dos antibióticos mais associados à emergência de resistências, caiu 69% entre 2014 e 2020, igualando a média europeia, de acordo com a DGS.