No dia 18 de Fevereiro de 2008 o total acumulado de precipitação durante 24 horas em Lisboa foi de 118 milímetros. Ou seja, 118 litros por metro quadrado. Entre as 8h00 desta quarta-feira e as 8h00 desta quinta-feira, o total mais elevado registado em Lisboa terá rondado os 85 mm, na estação da Tapada da Ajuda.
O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) colocou alguns distritos em alerta laranja, como é o caso de Lisboa, Leiria, Setúbal (antecipados das 0h00 para as 19h52), Santarém e Faro (início mantém-se às 0h de sexta-feira). Para já, as previsões do IPMA não apontam para a possibilidade de emitir algum alerta vermelho nas próximas horas.
Fenómenos extremos como o que atingiu a região de Lisboa esta quinta-feira, com uma chuva intensa que em minutos transformou ruas em rios, são previsíveis mas com algumas limitações. Apesar de algumas críticas sobre um eventual aviso tardio sobre a gravidade da situação, o IPMA só considerou que existiam motivos para emitir o alerta vermelho no distrito de Lisboa pelas 22h30 desta quarta-feira.
"O alerta laranja foi emitido ainda no dia 6 [terça-feira] para alguns distritos na região Sul e para o distrito de Lisboa foi feita a actualização que o colocou em alerta laranja pelas 9h30 desta quarta-feira", confirma ao PÚBLICO Patrícia Gomes, meteorologista do IPMA. O alerta vermelho para Lisboa foi emitido por volta das 22h30, confirma.
“O laranja é o segundo nível mais grave de um aviso. Neste caso, nós emitimos um aviso laranja quando temos informação para isso e emitimos o aviso vermelho quando temos informação para isso", afirmou Miguel Miranda, presidente do IPMA, em declarações aos jornalistas. A protecção civil assegura que reforçou a capacidade operacional assim que houve actualização dos avisos.
Em conferência de imprensa, André Fernandes, comandante da Protecção Civil, disse que, “assim que o IPMA percebeu a intensidade da precipitação, quer a que já estava a ser registada quer a que também aparecia nos quantitativos precipitáveis na atmosfera, emitiu os alertas vermelhos e nós reforçámos a capacidade operacional".
Problemas nos radares?
Num comunicado de imprensa, a Associação de Protecção Civil Aprosoc denunciou esta quinta-feira que "as falhas dos radares do Instituto Português do Mar e da Atmosfera têm sido frequentes e têm condicionado gravemente a análise meteorológica e previsão de efeitos". Em declarações ao PÚBLICO, a meteorologista do IPMA admite que os equipamentos "às vezes podem falhar", mas garante: "Ontem [quarta-feira] não estavam a falhar".
Sobre a quantidade de chuva que caiu sobre Lisboa, Patrícia Gomes refere que alguns dos valores mais elevados de precipitação no período de uma hora foram de valores a rondar os 45 mm e registaram-se entre as 22h00 e as 23h00. Mais precisamente, 44mm na estação de Príncipe Real e 47,8 na estação da Tapada da Ajuda. No que diz respeito aos valores acumulados durante 24 horas, entre as oito horas da manhã de quarta-feira e as oito horas da manhã desta quinta-feira, o valor mais elevado foi de 85 mm na estação da Tapada da Ajuda.
O mau tempo está a ser causado por uma depressão nos Açores que promete a ocorrência de chuva forte em Portugal continental até final da tarde de sexta-feira. Desta forma, o estado do tempo em Portugal continental vai continuar a ser condicionado por esta depressão centrada na região dos Açores e que se desloca para leste, "transportando uma massa de ar húmido e instável".
A Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC) também já tinha emitido na terça-feira um aviso à população com previsão de chuva, vento forte e agitação marítima no centro e sul. Em comunicado, além de alertar para a previsão de chuva, por vezes forte, mais intensa e frequente na região sul, a ANEPC avisou que existiam condições favoráveis à conjugação "severa com trovoada e fenómenos extremos nas regiões centro e sul".
Apesar de a chuva continuar a cair durante a tarde desta quinta-feira, o IPMA admite uma actualização da situação ao final do dia que poderá aumentar o número de distritos em alerta laranja, mas não prevê a emissão de alertas vermelhos em Portugal continental nas próximas horas.