Ministério confirma que alunos estiveram melhor em 2022 do que antes da pandemia
Relatório nacional das provas de aferição foi divulgado nesta quarta-feira.
O Ministério da Educação (ME) confirmou, nesta quarta-feira, que os resultados das provas de aferição realizadas no ano lectivo passado “indiciam uma tendência de recuperação das aprendizagens”, uma vez que o desempenho dos alunos “revela uma melhoria global” face ao registado em 2019, antes do mergulho na pandemia.
Os resultados das provas de 2022 foram enviados em Setembro para as escolas, mas só nesta terça-feira foi divulgado publicamente o relatório nacional, que se encontra disponível na página do Instituto de Avaliação Educativa (Iave, responsável pela avaliação externa).
Conforme o PÚBLICO tinha já antecipado, com base em dados cedidos pelo ME no início de Novembro, a “melhoria global” registada nestas últimas provas “abrange a maioria dos domínios curriculares aferidos”, destaca de novo o ministério numa nota enviada nesta quarta-feira. As provas foram realizadas pelos alunos do 2.º, 5.º e 8.º anos de escolaridade.
No 2.º ano foram testados, nas provas de aferição, conhecimentos a Português, Matemática, Estudo do Meio, Educação Artística e Educação Física. No 5.º ano, incidiram nas disciplinas de Educação Visual, Educação Tecnológica, Matemática e Ciências Naturais. E no 8.º ano realizaram-se a Educação Física, Português, História e Geografia.
Motivo de preocupação: Matemática do 5.º ano, cujos resultados, apesar de acompanharem “genericamente a evolução [positiva], mantêm uma percentagem de desempenho esperado baixa”. O alerta principal veio, contudo, dos resultados do desempenho oral dos alunos medido pela capacidade de interpretar um texto que lhes é dado a ouvir: caiu para metade.
Estes alunos foram apanhados em cheio pelos confinamentos quer no pré-escolar, quer no 1.º ano. “Não se falou muito do pré-escolar, mas foi sempre uma das minhas principais preocupações”, disse o ministro João Costa numa entrevista ao PÚBLICO, para explicar de seguida as razões: “Porque sabemos que é um dos principais preditores de sucesso no 1.º ciclo e sabemos também que houve uma dificuldade enorme, apesar do esforço das educadoras. Estes são os anos da socialização, são os anos de uma série de coisas que são muito difíceis [de trabalhar à distância].”
Esta queda na oralidade não é destacada na nota desta quarta-feira do ME. Já o desempenho por regiões merece referência: “Verifica-se que as regiões Norte e Centro apresentam de novo os melhores resultados por domínios, sendo acompanhadas pela Área Metropolitana de Lisboa nos resultados a Português do 8.º ano.”
As provas de aferição não contam para a nota final dos alunos, mas o ME volta a frisar que os dados que se podem retirar desta avaliação “constituem informação muito importante para a consolidação das linhas prioritárias de actuação do ministério, relativas à qualidade das aprendizagens dos alunos, assumindo particular relevo no quadro da avaliação de impacto das acções do Plano de Recuperação de Aprendizagens”, lançado em 2021 para minimizar os efeitos da pandemia. A este respeito, o ministério adianta ainda que estas provas, “por conterem dados desagregados e qualitativos, têm permitido que as escolas adoptem, em função da análise dos resultados, estratégias próprias para o acompanhamento dos alunos.”