Chuva forte causa inundações na região de Lisboa. Há uma vítima mortal em Algés
Distrito de Lisboa com aviso vermelho do IPMA até às 2h00. Imagens publicadas nas redes sociais mostram efeitos do mau tempo.
Uma pessoa morreu numa das muitas inundações registadas na região de Lisboa após as fortes chuvas desta quarta-feira à noite, confirmou na madrugada desta quinta-feira o Comandante Nacional de Emergência da Protecção Civil, André Fernandes. A vítima mortal encontrava-se numa cave que foi inundada, em Algés, concelho de Oeiras. “Era um casal que se encontrava na habitação. O senhor conseguiu salvar-se, a vítima mortal é do sexo feminino com cerca de 55 anos”, informou André Fernandes em conferência de imprensa, já depois da meia-noite.
Em poucas horas caíram 40 mm de precipitação, segundo o responsável — quase um terço da média da precipitação total para o mês de Dezembro em Lisboa (126,2 mm) e o suficiente para lançar o caos. Além de Lisboa, os concelhos mais afectados são Oeiras, Sintra, Cascais, Loures e Odivelas, acrescentou.
No distrito de Lisboa foram registadas 379 ocorrências, mais 39 em Setúbal e 10 em Faro. No terreno estavam 500 operacionais, apoiados por 167 veículos.
A chuva e as inundações obrigaram a cortar o IC20, no acesso à Costa de Caparica, e a radial de Benfica nos dois sentidos. Quanto a vias férreas, a Linha do Norte está cortada entre a Gare do Oriente e Alverca, e nas linhas de Cascais e Sintra há problemas no acesso às estações de Algés e Amadora.
Na capital, o cenário é de ruas inundadas e estradas onde é quase impossível circular. O comandante dos Sapadores Bombeiros de Lisboa, Tiago Lopes, pediu mesmo aos lisboetas para não saírem de casa devido à formação de lençóis de água na estrada. O IPMA pôs o distrito de Lisboa sob aviso vermelho até às 2h00.
"Há muitos lençóis de água, os carros ficam presos na água e nós não conseguimos socorrer toda a gente", disse Tiago Lopes à Lusa. "Os túneis do Campo Grande, da zona do Campo Pequeno e da Avenida João XXI estão fechados. A Avenida 24 de Julho também está interditada e Avenida de Berna também", disse Tiago Lopes.
De acordo com o comandante dos Bombeiros Sapadores de Lisboa, pelas 23h40, foram registadas "aproximadamente 100 ocorrências activas".
Tiago Lopes disse ainda que na zona de Xabregas há uma situação de pessoas retidas em veículos. "Temos também no hospital Francisco Xavier um princípio de inundação e estamos juntamente com os Bombeiros Voluntários da Ajuda a dar o apoio. E temos no Teatro Nacional D. Maria II uma situação de inundação", acrescentou.
O Serviço Municipal de Protecção Civil de Lisboa também recomendou as pessoas a ficarem em casa. "Devido à forte precipitação, vento forte e perigo de inundações, o Serviço Municipal de Protecção Civil de Lisboa recomenda que os cidadãos permaneçam em casa e evitem deslocações", lê-se Twitter da Câmara Municipal de Lisboa.
Em declarações à SIC Notícias, o presidente da junta de freguesia de Alcântara, Davide Amado, confirma que a zona baixa desta freguesia está "completamente alagada", informando que estão a ser feitos esforços para retirar os carros destas áreas mais afectadas.
A Avenida Marginal, em Oeiras, entre Algés e Cruz Quebrada está encerrada ao trânsito. Em São Domingos de Rana, em Cascais, na Amadora e em Queluz, Sintra, também há varias ruas encerradas.
Em Odivelas, também foram registados casos de automóveis parcialmente cobertos pela água.
Nas redes sociais há dezenas de utilizadores a mostrarem ruas, lojas e vários outros locais de Lisboa totalmente inundados. Há relatos de estradas que estão praticamente intransitáveis, com os vídeos a mostrarem vários carros a circular a custo pelos lençóis de água formados pela precipitação intensa.
Uma das publicações mostra água a cair do tecto no piso do supermercado e cinemas no centro comercial El Corte Inglés, cenário confirmado pelo PÚBLICO. Foi pedido às pessoas que estavam nos cinemas para abandonarem o local e, no piso da garagem, a água dava pelos tornozelos.
A Protecção Civil tinha reforçado esta quarta-feira os avisos à população devido à chuva intensa, vento forte e agitação marítima que se vão sentir até sexta-feira à noite em todo o país, com especial incidência no centro e Sul. Existem igualmente condições favoráveis à conjugação "severa com trovoada e fenómenos extremos nas regiões centro e sul", segundo previsões do IPMA.