Governo substitui administração do Santa Maria e promete mudanças noutros hospitais
Ana Paula Martins, antiga bastonária dos farmacêuticos e militante do PSD, vai liderar a administração do Hospital de Santa Maria, em Lisboa. Rui Tato Marinho será o director clínico.
Foi a primeira escolha do novo director executivo do Serviço Nacional de Saúde, Fernando Araújo, para a liderança de uma administração hospitalar. Ana Paula Martins, ex-bastonária da Ordem dos Farmacêuticos, vai presidir ao conselho de administração do Centro Hospitalar e Universitário de Lisboa Norte (CHULN), que integra os hospitais de Santa Maria e de Pulido Valente e é segundo maior centro hospitalar do país, a seguir ao de Coimbra.
Vai gerir um centro hospitalar com um orçamento anual da ordem dos 500 milhões de euros e mais de 6600 funcionários. Para director clínico foi convidado Rui Tato Marinho, o actual director do serviço de Gastrenterologia e Hepatologia do CHULN e director do Programa Nacional para as Hepatites Virais da Direcção-Geral da Saúde.
A escolha de Ana Paula Martins, que tem 57 anos e é actualmente directora dos Assuntos Governamentais da farmacêutica Gilead Sciences em Portugal, constituiu uma surpresa, uma vez que, além de não ter experiência em gestão hospitalar, é militante do PSD e foi vice-presidente do partido durante alguns meses, quando o líder era Rui Rio.
Vai substituir o actual administrador, Daniel Ferro, que ocupava este cargo desde 2019 e já tinha terminado o mandato no final do ano passado. A nova equipa inicia funções em Janeiro.
As duas escolhas - de Ana Paula Martins e de Rui Tato Marinho - terão sido sugeridas por Fernando Araújo. As nomeações dos vários conselhos de administração das entidades hospitalares cujo mandato terminou em Dezembro de 2021 "estão a ser preparadas já com o envolvimento" de Fernando Araújo, assumiu o Ministério da Saúde citado pela Lusa.
A substituição no CHULN acontece numa altura em que o hospital de Santa Maria tem sido notícia devido aos longos tempos de espera no serviço de urgência, que chegaram a atingir 14 horas para doentes considerados urgentes (triados com pulseira amarela). Mas a substituição não estará relacionada com os tempos de espera "indesejáveis" - como descreveu o ministro Manuel Pizarro - que se verificaram nas urgências do centro hospitalar nos últimos dias. Ana Paula Martins já tinha sido convidada há vários dias. E, neste caso, não se poderá falar numa nomeação política.
Estes cargos são de nomeação, dado que a obrigatoriedade de concursos para novos dirigentes só se aplica em casos como os dos institutos públicos e de direcções gerais. O que a lei diz sobre os gestores públicos, incluindo os dos hospitais do SNS, é que devem ser escolhidos “de entre pessoas com comprovadas idoneidade, capacidade e experiência de gestão, bem como sentido de interesse público”. Os nomeados têm que ter parecer positivo da Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública (Cresap).
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Segundo a SIC, Ana Paula Martins terá conversado com o actual presidente do PSD, Luís Montenegro, antes de aceitar o cargo e já escolheu todos os membros que a vão acompanhar na administração do CHULN.
Professora universitária na Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa há 20 anos, trabalhou durante mais de uma década no sector da indústria farmacêutica e foi bastonária da Ordem dos Farmacêuticos entre 2016 e 2021. Fez parte do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida e é, actualmente, directora dos Assuntos Governamentais da farmacêutica Gilead Sciences em Portugal.
Notícia actualizada às 19h00: Rui Tato Marinho foi convidado para o cargo de director clínico do centro hospitalar