Portugal-Suíça: a análise individual aos jogadores portugueses

Gonçalo Ramos teve uma estreia de sonho como titular, mas todos os jogadores portugueses — com João Félix também em destaque — fizeram um jogo de grande nível nos oitavos-de-final do Mundial 2022.

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Bruno Fernandes festeja com Gonçalo Ramos Reuters/HANNAH MCKAY

Diogo Costa - 6

Chega aos quartos-de-final como sendo o único português que foi titular nas quatro partidas no Qatar. O início do jogo contra a Suíça até nem foi fácil para o guarda-redes do FC Porto, que, em consequência da pressão inicial dos helvéticos, foi muito solicitado com atrasos que colocaram à prova o seu bom jogo de pés. De resto, após Portugal embalar para a goleada a partir do minuto 17, teve muito pouco trabalho. Aos 30’, com a ponta dos dedos, desviou um livre perigoso de Shaqiri e, aos 38’, fez uma defesa incompleta, que Remo Freuler quase aproveitou para marcar — Dalot salvou perto da linha de golo. No golo suíço, acabou por ser traído pelo desvio de cabeça, no primeiro poste, de Gonçalo Ramos.

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Diogo Dalot - 7

A boa exibição contra a Coreia do Sul, onde foi o melhor português a par de Vitinha, foi premiada com a titularidade e o lateral do Manchester United voltou a não desiludir. Sem precisar de ser muito ofensivo, evitou um golo suíço aos 38’ e, já na segunda parte, repetiu o que tinha feito contra os coreanos: após uma excelente arrancada, fez um cruzamento tenso para a área, oferecendo a Gonçalo Ramos a oportunidade de bisar. Ao segundo jogo, Diogo Dalot já tem duas assistências no currículo.

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Pepe - 8

Após a lesão de Danilo, Fernando Santos mostrou-se pouco preocupado e anunciou a titularidade do “monstro” Pepe contra o Uruguai. Sem direito a folga contra a Coreia do Sul, entrou no Lusail com a braçadeira de capitão no braço e, mais uma vez, foi insuperável na defesa. E ainda houve a cereja no topo do bolo. Aos 33’, no momento que praticamente decidiu a eliminatória, ganhou de cabeça nas alturas aos defesas da Suíça e, aos 39 anos, entrou para a história. Pepe fez o oitavo golo por Portugal — o segundo em Mundiais —, e escreveu o seu nome como o jogador mais velho a marcar na prova em fases a eliminar. Em toda a competição, apenas é superado pelo icónico Roger Milla, que marcou à Rússia, no Mundial de 1994, nos Estados Unidos, com 42 anos e 39 dias.

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Rúben Dias - 7

Não foi um jogo nada fácil para o central do Manchester City, mas, pelas suas características e feitio, deve ter sido um dos que teve mais prazer. E o culpado foi Breel Embolo. Ao fim de um par de minutos, o duelo entre Rúben Dias e o ponta-de-lança do Mónaco já dava faísca e o confronto, sempre muito físico, durou até ao minuto 89, quando o “7” da Suíça se despediu do Mundial 2022 sem saudades da defesa portuguesa e, em especial, de Rúben Dias.

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Raphael Guerreiro - 8

Era uma das principais dúvidas no “onze” português — João Cancelo ficou pela primeira vez no banco — e, no regresso à titularidade, fez um jogo de grande nível. Foi o primeiro a criar desequilíbrios à defesa helvética quando, aos 16’, fez um grande passe para Bernardo Silva. Já em cima do intervalo, ameaçou Sommer com um remate de fora da área, mas acabaria mesmo por conseguir bater o guarda-redes suíço aos 56’, após uma boa assistência de Gonçalo Ramos. Já fora de horas, fez a segunda assistência no Mundial, no golo de Rafael Leão.

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William Carvalho - 7

Numa equipa de artistas, continua a ser o carregador do piano e a dar o equilíbrio que qualquer equipa precisa. Jogando na posição “6”, que nos três primeiros jogos foi de Rúben Neves, William Carvalho recuou para o meio dos centrais quando foi preciso ajudar no início da construção, pressionou sempre um meio-campo suíço que conta com jogadores como Xhaka ou Freuler, foi o jogador em campo que mais correu (11,55km) e deixou o resto para os outros. O que lhe competia fazer, fez sempre bem.

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Otávio - 7

Não teve o protagonismo que tantas vezes tem no FC Porto mas, à semelhança de todos os outros titulares, fez um grande jogo. Jogando muitas vezes a par de William Carvalho e tendo também muitas preocupações defensivas, Otávio foi fundamental na forma como colocou sempre muita pressão nos helvéticos. No entanto, também se aventurou no ataque. Aos 21’, pouco depois do primeiro golo de Gonçalo Ramos, obrigou Sommer a uma defesa difícil, mas, ofensivamente, foi no golo de Raphael Guerreiro que teve um pormenor delicioso, ao combinar com João Félix com calcanhar.

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Bruno Fernandes - 7

Regressou após a ausência com a Coreia do Sul e foi, acima de tudo, um jogador de equipa. Sem se meter em bicos de pés, o médio português correu quilómetros, trabalhou muito e pressionou de forma constante. Sem ser exuberante, foi muito competente e acrescentou mais uma assistência ao currículo: já são três no Mundial 2022.

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Bernardo Silva - 6

Tal como Bruno Fernandes, sacrificou-se muito em prol do colectivo. Jogando mais adiantado do que vinha sendo habitual, Bernardo Silva ocupou muitas vezes terrenos bem próximos de Gonçalo Ramos, libertando, com a sua forma inteligente de jogar, espaços para que Félix, Ramos e companhia assumissem o protagonismo.

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João Félix - 8

Fernando Santos deu-lhe a liberdade que Diego Simeone jamais lhe dará e João Félix, com poucas amarras, confirmou que está a mais no Atlético. Nos 73 minutos em que esteve em campo, o “11” de Portugal encheu a defesa suíça de buracos, ficando-lhe apenas a faltar um golo. Com uma qualidade sublime, Félix ofereceu dois golos, mas fez muito mais do que isso. Tendo espaço — o que não aconteceu contra os defensivos Gana e o Uruguai —, é um perigo à solta para qualquer adversário.

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Gonçalo Ramos - 9

Em Julho de 2020, um mês depois de completar 19 anos, fez a estreia no campeonato na principal equipa do Benfica e, nos seis minutos em que esteve em campo na Vila das Aves, fez dois golos. Quase dois anos e meio depois, tendo o peso incomensurável de ocupar o lugar do melhor jogador da história do futebol português, relegando-o para o banco, Gonçalo Ramos voltou a pintar a letras de ouro uma estreia. No primeiro jogo como titular pela principal selecção de Portugal, o avançado benfiquista fez um hat-trick num Mundial — o último a marcar três golos na fase a eliminar de um Campeonato do Mundo tinha sido Tomás Skuhravy em 1990; apenas Eusébio, Pauleta e Cristiano Ronaldo tinham feito igual por Portugal — e ainda ofereceu um golo a Raphael Guerreiro. Teria bastado marcar uma outra vez para que Gonçalo Ramos se tornasse no jogador mais jovem de Portugal a marcar numa fase a eliminar em Mundiais, superando um registo que pertencia a Eusébio, mas o avançado benfiquista fez muito mais. Uma exibição que ficará para a história do futebol português.

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Cristiano Ronaldo - 5

Foi o grande protagonista dos oitavos-de-final até… o jogo começar. Após três partidas em que foi titular sem fazer a diferença, sentou-se no banco de um encontro de um Campeonato do Mundo pela primeira vez — tinha sido suplente no Euro 2004 e Euro 2008 — e, após o que viu Gonçalo Ramos fazer na sua posição, terá que se habituar ao lugar. Esforçado nos cerca de 20 minutos em que esteve em campo, ainda festejou durante breves segundos o seu segundo golo no Qatar, mas, apesar da boa finalização, estava em clara posição de fora de jogo.

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Vitinha - 5

Tal como Cristiano Ronaldo, entrou no minuto 73 e, tal como faz sempre que entra, trouxe qualidade ao jogo. No entanto, quando foi lançado, a partida já estava decidida e tinha perdido interesse.

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Ricardo Horta - 4

Dos três que entraram aos 73 minutos, foi o que teve menos impacto no jogo.

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Rúben Neves -

Tinha sido, a par de Diogo Costa e Cristiano Ronaldo, o único a ser titular em todas as partidas da fase de grupos. Desta vez, foi suplente utilizado e não teve muito tempo para suar a camisola.

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Rafael Leão - 6

Só foi lançado aos 87 minutos, mas o avançado do AC Milan não precisa de muito tempo para provocar estragos nos rivais. Começou logo com uma arrancada na direita e uma tentativa de assistência para Ronaldo, e acabou com um golo à sua imagem: assistido por Guerreiro, deixou Sommer pregado ao chão e fechou a contagem.

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