Subida do mar pode provocar inundações em aeroportos já nos próximos 20 anos

Trabalho mostra que 39 dos 43 aeroportos na costa da Califórnia, nos EUA, são vulneráveis às alterações climáticas. Em Portugal, o mesmo problema coloca-se nos planos do novo aeroporto no Montijo.

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O Aeroporto de Los Angeles é um dos que são vulneráveis à subida do mar, de acordo com o novo estudo Lucy Nicholson/Reuters

Um novo trabalho científico revela que a maioria dos aeroportos costeiros da Califórnia é vulnerável às alterações climáticas. O aumento do nível médio do mar, a erosão costeira e as ondas especialmente grandes que se formam durante as tempestades poderão provocar perturbações em 39 dos 43 aeroportos costeiros daquele estado norte-americano até 2100, segundo um estudo de Sarah Lindbergh e colegas da Universidade de Califórnia, apresentado nesta segunda-feira no Encontro Anual da Sociedade de Análise de Risco, que decorre na Florida.

“Apesar de não sabermos como estas novas exposições [ao risco] se vão traduzir em impactos, ficámos surpreendidos por ver que bens da maior parte dos aeroportos poderão sofrer um fenómeno de inundação mais cedo do que 2100 – nos próximos 20 anos”, explica Sarah Lindbergh, num comunicado da Sociedade de Análise de Risco, uma entidade internacional que “providencia um fórum aberto para aqueles interessados na análise de risco”, de acordo com o que se lê no site.

Estima-se que a subida do nível médio do mar será de 20 centímetros nos próximos 30 anos, devido às alterações climáticas, avança o comunicado. Este fenómeno irá ameaçar as zonas costeiras urbanas. O Aeroporto Internacional de Los Angeles, um dos dez aeroportos mais movimentados do mundo, é um dos que está em risco de inundação de acordo com o novo trabalho.

O estudo usou instrumentos geoespaciais para observar a vulnerabilidade das infra-estruturas que estão dentro do perímetro do aeroporto, mas também as que servem os aeroportos e estão fora do seu perímetro, como as estradas de acesso, os sistemas de navegação e os sistemas de comunicação.

Este alargamento da avaliação foi uma novidade e permitiu identificar mais aeroportos em risco. Dos 39 aeroportos que poderão ser afectados, há 23 cujas estruturas em risco estão fora do perímetro do aeroporto. Nos outros 16, o risco de inundação será mesmo dentro do aeroporto, como nas pistas de aterragem.

Além dos impactos directos nos aeroportos, a equipa concluiu que uma perturbação causada por inundações poderá ter repercussões a nível de atrasos, do congestionamento e do cancelamento de voos.

Problemas nacionais

A questão das inundações de aeroportos por causa das alterações climáticas também afecta os planos do Novo Aeroporto de Lisboa. Uma das críticas feitas ao Estudo de Impacto de Ambiental (EIA) do Projecto do Aeroporto do Montijo, um dos possíveis locais onde poderá ser construído o novo aeroporto, foi precisamente a avaliação do risco de inundação devido à subida do nível médio do mar.

A área destinada a este projecto, rodeada pelo Tejo, situa-se entre os 2,5 e os 10,5 metros acima do nível médio do mar. “A possibilidade de inundação extrema no caso do pior cenário pode variar entre 3,99 e 4,72 metros para 2070 (final da década do fim do período de concessão do Projecto do Aeroporto do Montijo), e entre 4,36 e 6,12 metros para 2100”, lê-se no documento de “Contestação abaixo-assinada sobre o EIA do Aeroporto do Montijo e suas Acessibilidades”, de Setembro de 2019.

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