DGArtes: petições apelam a que se evite “ponto final” no ensemble Sond’Ar-te

Petição online já reuniu mais de 455 assinaturas. O Sond’Ar-te Electric Ensemble é especializado na interpretação da música erudita contemporânea.

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O Sond'Arte Electric Ensemble, aqui em actuação no festival Terras Sem Sombra dr

Duas petições apelam ao Ministério da Cultura para que emende a decisão de não atribuir apoio ao ensemble Sond'Ar-te no âmbito do Programa de Apoio Sustentado da Direcção-Geral das Artes (DGArtes), situação que compromete o futuro deste grupo especializado na interpretação da música erudita contemporânea.

Na petição online na plataforma Petição Pública, que já reuniu mais de 455 assinaturas, manifesta-se “solidariedade com a equipa e com o projecto do Sond'Ar-te”, considerando-o “absolutamente necessário e insubstituível no sector musical português”.

O Sond'Ar-te Electric Ensemble, especializado na interpretação da música erudita contemporânea, existe há 15 anos, e é constituído por Pedro Neves, Miguel Azguime, Sílvia Cancela, Nuno Pinto, Vítor Vieira, Jorge Alves, Filipe Quaresma, Luís André Ferreira, Elsa Silva, João Dias e Paula Azguime.

No texto da petição é realçado o “serviço que [o Sond'Ar-te] tem prestado a Portugal, à música portuguesa e aos seus músicos, em particular aos compositores, tendo contribuído para a sustentação de uma vida musical no país, que, como todos sabemos, é difícil e escassa”.

“O Sond'Ar-te Electric Ensemble é um dos poucos grupos de média dimensão dedicados ao que se convencionou chamar de música contemporânea, cujo trabalho de continuidade e de excelência musical coloca na fasquia de grupos de referência internacional”, lê-se nesta petição pela continuidade e sustentabilidade do ensemble, referindo “os seus esforços num apoio efectivo à criação musical dos compositores portugueses e residentes em Portugal, tendo-se constituído, nos últimos anos, como o principal ‘locus’ da pesquisa e da criação musical em Portugal”.

Para o compositor António de Sousa Dias, citado nesta petição, “garantir a continuidade do seu trabalho é garantir a promessa de futuro que a música portuguesa merece pela vitalidade provada e que o deve a grupos como o Sond'Ar-te Electric Ensemble”.

O poeta Levi Condinho, também citado pelos peticionários, afirma que, como “melómano atento, jamais poderia dispensar a paixão pela música contemporânea e seu desenvolvimento, a qual tem no Sond'Ar-te Electric Ensemble um expoente da execução do mais alto nível mundial”.

Ao longo de 15 anos de actividade, o Sond'Ar-te Electric Ensemble encomendou 51 obras a compositores maioritariamente portugueses, gravou 11 discos e realizou até esta data 146 concertos, numa média 10 concertos por ano.

O ensemble organizou ainda várias academias de composição e de interpretação de nova música, 12 concursos internacionais de composição, tendo desenvolvido programas temáticos em torno de compositores emergentes, programas específicos para jovens e crianças, ou concertos monográficos inteiramente dedicados a compositores portugueses.

Na semana passada, a DGArtes disse à Lusa que quase 60 candidaturas contestaram os resultados provisórios em quatro dos seis concursos de apoio sustentado às artes para o biénio 2023/2026, durante o período de audiência de interessados, 10 das quais na área de Música e Ópera, que surge como área autónoma pela primeira vez, 30 entidades foram propostas para apoio, entre as 46 consideradas elegíveis.

Quando abriram as candidaturas em Maio, os seis concursos do Programa de Apoio Sustentado tinham alocado um montante global de 81,3 milhões de euros. Em Setembro, o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, anunciou que esse valor aumentaria para 148 milhões de euros. Assim, destacou na altura, as entidades apoiadas passam a receber a verba pedida e não apenas uma percentagem.

No entanto, esse reforço abrangeu apenas a modalidade quadrienal dos concursos, porque, segundo o ministro, houve “um grande movimento de candidaturas de bienais para quadrienais”.

Estruturas representativas do sector, num comunicado enviado ao ministro da Cultura e aos grupos parlamentares na semana passada e divulgado junto dos órgãos de comunicação social, salientam que, “com a divulgação dos resultados provisórios, revelou-se que a tal migração de candidaturas não aconteceu em tão grande medida e que a opção do Governo veio, afinal, criar uma assimetria injustificada entre as duas modalidades que é lesiva para algumas candidaturas”.

As estruturas exigem um “novo reforço de verbas para os apoios sustentados”, visando “a equidade” do reforço entre as modalidades quadrienal e bienal dos concursos.