Reforçada protecção da embaixada da Ucrânia em Lisboa após cartas armadilhadas em Espanha

Autoridades portuguesas admitem reapreciar o nível de ameaça em Portugal, após cartas armadilhadas terem sido recebidas numa empresa espanhola e na embaixada da Ucrânia em Madrid.

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Rua da embaixada da Ucrânia em Madrid vigiada por polícias Reuters/JUAN MEDINA

As autoridades portuguesas reforçaram a protecção da embaixada da Ucrânia em Lisboa e admitem reapreciar o nível de ameaça em Portugal, após cartas armadilhadas terem sido recebidas por entidades em Espanha, anunciou esta sexta-feira o Sistema de Segurança Interna (SSI).

Em resposta a um pedido de esclarecimento da Lusa, na sequência da notícia da recepção de pelo menos seis cartas armadilhadas em Espanha, o SSI confirmou que a Unidade de Coordenação Antiterrorismo (UCAT), que funciona no quadro do Sistema de Segurança Interna, “está a acompanhar atentamente a situação” e que se encontra em “estreita articulação com os seus parceiros espanhóis, europeus e internacionais”.

“Caso, fruto dessa cooperação com Espanha e parceiros internacionais, e da nossa análise interna, se justifique uma reapreciação do grau de ameaça e segurança, serão tomadas de imediato pelas autoridades competentes as correspondentes e adequadas medidas de alerta e dispositivo de segurança”, acrescentou também o gabinete do secretário-geral do SSI, Paulo Vizeu Pinheiro.

A UCAT agrega o Serviço de Informações de Segurança (que avalia o grau de ameaça em território nacional), a Polícia Judiciária (que tem a competência de investigação do terrorismo), a PSP (que faz a protecção das instalações diplomáticas e “preventivamente reforçou a protecção da Embaixada da Ucrânia em Lisboa”), a GNR, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), a Polícia Marítima e o Serviço de Informações Estratégicas e de Defesa (SIED).

O SSI assegurou ainda que todas estas entidades estão “a trabalhar de forma articulada e permanente” com os parceiros internacionais, em especial com os congéneres espanhóis do SIS e da PJ.

Na quarta-feira um homem ficou ferido sem gravidade na embaixada da Ucrânia em Madrid devido à explosão de um artefacto que estava dentro de um envelope. Desde então, já foi revelada pelas autoridades espanholas a existência de mais cinco cartas com explosivos, a última das quais na embaixada do Estados Unidos em solo espanhol.

De acordo com o secretário de Estado da Segurança do Governo espanhol, Rafael Pérez, os outros envelopes com explosivos interceptados na última semana foram enviados para o primeiro-ministro, a ministra da Defesa, um centro de satélites e uma empresa de armamento.

O envelope enviado ao primeiro-ministro, Pedro Sánchez, foi interceptado na semana passada, no dia 24 de Novembro, e os restantes foram identificados entre quarta e quinta-feira.

O ministro da Administração Interna espanhol, Fernando Grande-Marlaska, recomendou à Comissão Europeia e a países parceiros que tomem medidas caso recebam cartas armadilhadas semelhantes às enviadas a várias entidades em Espanha, admitindo que podem estar relacionadas com a guerra na Ucrânia.

Entretanto, o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, revelou à Lusa que foram dadas indicações às embaixadas portuguesas para reforçarem cuidados na recepção de correio, assinalando que as missões diplomáticas nacionais “estão atentas”.