EUA, Japão e Coreia do Sul impõem novas sanções à Coreia do Norte
Aliados justificam “coordenação trilateral” com as dezenas de ensaios balístico realizados este ano por Pyongyang, que terão incluído testes com um míssil intercontinental.
Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul anunciaram esta sexta-feira a imposição de novas sanções à Coreia do Norte. Entre os sancionados estão indivíduos e empresas, num esforço de “coordenação trilateral” que os aliados justificam com os mais recentes ensaios balísticos realizados pelo regime de Kim Jong-un nos últimos meses, num ano em que já foram batidos todos os recordes de lançamentos de mísseis norte-coreanos.
As autoridades dos três países estimam que Pyongyang já tenha testado mais de 60 mísseis em 2022, incluindo o projéctil do modelo Hwasong-17, um sistema de míssil intercontinental (ICMB), supostamente com capacidade para transportar ogivas nucleares e com um alcance estimado de 13 mil quilómetros.
Para além disso, acreditam que a Coreia do Norte se está a preparar para realizar um ensaio nuclear, pela primeira vez desde 2017.
“O Tesouro está a tomar medidas, em estreita coordenação trilateral com a República da Coreia [Coreia do Sul] e com o Japão, contra dirigentes que tiveram um papel fundamental nos programas ilegais de armas de destruição maciça e balísticos da República Popular Democrática da Coreia [Coreia do Norte]”, informou Brian Nelson, subsecretário de Estado norte-americano no Departamento do Tesouro, num comunicado.
“Os lançamentos recentes [de mísseis] comprovam a necessidade de todos os países em implementar, na íntegra, as resoluções do Conselho de Segurança da ONU, que têm como objectivo impedir a Coreia do Norte de adquirir a tecnologia, os materiais e as receitas que Pyongyang precisa para desenvolver o seu programa banido de armas de destruição maciça e as suas capacidades com mísseis balísticos”, acrescentou, citado pela Reuters.
Em Maio desde ano, a Rússia e a China travaram a aprovação de um novo pacote de sanções económicas à Coreia do Norte. Foi a primeira vez, em 16 anos, que os dois membros permanentes do Conselho de Segurança usaram o seu direito de veto para impedir uma punição adicional a Pyongyang.
A opção pelo veto, justificaram russos e chineses, teve que ver com o facto de os seus respectivos Governos terem chegado à conclusão de que as sanções da ONU em vigor não tiveram o efeito desejado, já que negociações para a desnuclearização da península coreana continuam sem grandes avanços nos últimos anos.
Neste novo pacote de sanções nos EUA, que pressupõe o congelamento de activos dos visados no país a proíbe quaisquer negócios com eles, a Administração Biden incluiu três indivíduos: Yu Jin e Jon Il Ho, respectivamente director e vice-director do Departamento de Indústria de Munições do Governo norte-coreano; e Kim Su Gil, ex-director do Gabinete-Geral de Política do Exército da Coreia do Norte.
Já a Coreia do Sul identificou oito pessoas e sete entidades. Os indivíduos são seis cidadãos norte-coreanos (Ri Myung-hun, Ri Jeong-won, Choi Seong-nam, Ko Il-hwan, Baek Jong-sam e Kim Chol), um taiwanês (Chen Shih Huan) e um singapuriano (Kwak Kee Seng); e as entidades são quatro empresas norte-coreanas (Chosun, Namgang, Chosun Eunpa e Pocheon) e três singapurianas (New Eastern Shipping, Anfasar Trading e Swanseas Port Services).
Citado pela agência sul-coreana Yonhap, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Seul informou que nesta lista estão incluídas pessoas e entidades ligadas a instituições financeiras e bancárias, mas também ao contrabando marítimo.
Quanto ao Japão, vai sancionar Kim Su-il, representante do Departamento de Indústria de Munições norte-coreano no Vietname; e três entidades – as empresas norte-coreanas Haegumgang e Namgang, e o Lazarus Group, grupo de hackers associado à Coreia do Norte e que leva a cabo ciberataques em todo o mundo.
Estas sanções – que são sobretudo simbólicas, uma vez que muitos dos visados já constavam nas “listas negras” de uns e de outros países, mas também da União Europeia – somam-se a uma série de exercícios militares conjuntos entre os três aliados levados a cabo nos últimos meses na região asiática, em resposta à “grave ameaça” da Coreia do Norte à “paz e à estabilidade da península e da comunidade internacional”.