Marcelo agradece a ciganos que “deram a vida pela independência” e lamenta discriminação
Mensagem do Presidente da República no dia 1 de Dezembro destaca cerca de 250 ciganos que serviram nas fronteiras na luta pela soberania face a Espanha.
O Presidente da República lembrou e agradeceu nesta quinta-feira, Dia da Restauração da Independência, aos portugueses de etnia cigana que “deram a vida” pela independência nacional em 1640 e lamentou o “esquecimento” e a “discriminação” de que têm sido alvo em Portugal.
“Ao lembrar tantos portugueses, de tantas origens, que se envolveram no movimento revolucionário, o Presidente da República quer lembrar também os portugueses de etnia cigana que, como reconheceu então o próprio rei D. João IV, deram a vida pela nossa independência nacional”, escreveu Marcelo Rebelo de Sousa, numa mensagem evocativa do 1.º de Dezembro no site da Presidência da República.
Na mensagem em que saúda o dia “em que valorosos guerreiros nos deram livre a nação”, o chefe de Estado destaca o “cavaleiro fidalgo” Jerónimo da Costa e “muitos dos duzentos e cinquenta outros ciganos que serviram nas fronteiras e tombaram por Portugal”.
“Portugal lembra-os, presta-lhes homenagem e exprime a sua gratidão. Este dever de memória é de elementar justiça e rompe com tanto esquecimento e discriminação de que os ciganos têm, infelizmente, sido alvo no nosso país”, afirma.
O Presidente da República, que preside à sessão evocativa do Dia da Restauração, na Praça dos Restauradores, em Lisboa, nesta quinta-feira, sublinhou ainda na mensagem o 1.º de Dezembro como “um dia importante e significativo da História de Portugal, em que o povo português recuperou a sua independência, num movimento no qual, com os conjurados de 40, muitos se implicaram, descontentes com a situação do país, aquém e além-mar, e com as suas condições de vida”.
A nota chega apenas dois meses depois de o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, ter repreendido o presidente do Chega, André Ventura, por “discursos injuriosos” contra a comunidade cigana no Parlamento, na sequência de uma intervenção em que defendeu que as pessoas ciganas gozam de uma “impunidade brutal” em Portugal. Isto já depois de o líder do partido ter sido chamado à atenção por Santos Silva, em Abril, no Dia Internacional das Pessoas Ciganas, por ter afirmado, entre outras declarações, que as minorias são “apaparicadas”, uma posição agora contrariada pelo chefe de Estado.
António Costa diz que reposição do feriado é uma das medidas de que mais se orgulha
Nas comemorações desta manhã, que contaram com uma homenagem aos heróis da restauração da independência, discursaram a ministra da Defesa, Helena Carreiras, e o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas. Também o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, esteve presente.
O primeiro-ministro não pôde comparecer por motivos de saúde, mas homenageou a “memória dos que lutaram e contribuíram” para a restauração da independência de Portugal, numa mensagem na sua conta oficial do Twitter, em que apelou à celebração da “soberania” e da “força da bandeira nacional”.
“Celebramos hoje a Restauração da Independência de Portugal, uma data que evoca a afirmação da nossa nação e da nossa soberania. Homenageamos a memória dos que lutaram e contribuíram para essa conquista”, escreveu António Costa.
O líder do executivo salientou também que a reposição do 1.º de Dezembro enquanto feriado, que foi cortado durante o Governo do PSD-CDS, “é uma das medidas de que mais” se orgulha de “ter tomado enquanto primeiro-ministro”.
“Valorizemos a nossa História. Honremos a República. Celebremos a soberania e a força da nossa bandeira nacional”, acrescentou.
O dia 1 de Dezembro assinala o golpe revolucionário de 1640, que acabou com o domínio da dinastia filipina sobre Portugal, retirando o país da alçada espanhola e colocando no trono D. João IV.