Quarenta anos de Sétima Legião em duas noites na Culturgest

A banda de Sete mares toca quinta e sexta-feira em Lisboa para comemorar uma história indispensável da música portuguesa. Na memória, Ricardo Camacho, o teclista e produtor falecido em 2018.

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A Sétima Legião no seu período áureo DR

São duas celebrações em dois concertos, a dos 40 anos contados desde o início desta história e a da memória de alguém que foi nessa história elemento fundamental, Ricardo Camacho. A Sétima Legião anunciou em Outubro o regresso e, um mês depois, está na Culturgest, em Lisboa. Dias 1 e 2 de Dezembro, às 21h, a banda de Sete mares sobe a palco para, perante salas já esgotadas, recuperar as canções que marcaram a pop portuguesa nas décadas de 1980 e 1990. No pensamento, o teclista e produtor desaparecido há quatro anos.

Nasceram em 1982, em plena efervescência pop portuguesa, nesse momento em que as bandas procuravam, num mesmo movimento, sintonizar-se com o excitante presente anglo-americano e, ao mesmo tempo, inscrever nele marcas de linguagem próprias. No ano seguinte, anunciam-se com um single, Glória, com letra de Miguel Esteves Cardoso (MEC) e editado pela Fundação Atlântica por ele co-fundada. O álbum de estreia, A Um Deus Desconhecido, saído no ano seguinte, mantinha as letras de MEC e o selo Fundação Atlântica. Do som à arte gráfica, revelava uma banda que transpunha para Portugal, com um romantismo acometido de melancolia, o tom, o nervo e a neurose pós-punk representados pelos Joy Division.

A banda cedo demonstrou, porém, que ambicionava mais. O seu objectivo era trazer para a electricidade do rock e para as linguagens pop a tradição portuguesa, quer através das letras, nas referências históricas, mitológicas e geográficas evocadas, quer na instrumentação, com acordeão, gaitas de fole ou viola d’arco a juntarem-se ao baixo, à bateria, às guitarras, aos teclados e à electrónica.

Sete mares e Noutro lugar, ambas de Mar d’Outubro (1987), e Por quem não esqueci, de De um Tempo Ausente (1989), grandes sucessos à época, perduram no tempo como canções indispensáveis do cancioneiro pop português. Além dos álbuns já referidos, a Sétima Legião editou ainda O Fogo (1992), Auto de Fé (1994) e Sexto Sentido (1999), último registo discográfico lançado antes de a banda, sem nunca anunciar o fim oficial, entrar num período de hibernação.

Na Culturgest, estarão Pedro Oliveira (voz e guitarra), Rodrigo Leão (baixo e teclas), Nuno Cruz (bateria), Gabriel Gomes (acordeão), Paulo Marinho (gaita de foles e flautas), Paulo Abelho (percussão e samplers), o letrista Francisco Menezes (coros) e João Eleutério (teclas), que não integrou as formações originais da banda mas pertence ao grupo de músicos que acompanha em palco o percurso a solo de Rodrigo Leão.

A banda reuniu-se pela última vez em 2017 para um concerto no Liceu Passos Manuel, em Lisboa. Cinco anos antes, a Sétima Legião havia comemorado os 30 anos de carreira com uma pequena digressão, aproveitando o momento para reeditar a sua discografia.

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