Mais de 2,3 milhões de portugueses já têm a dose de reforço contra a covid

Manuel Pizarro lembrou ainda o programa de transição de alta hospitalar organizado com as Misericórdias e IPSS que já permitiu disponibilizar 700 vagas.

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Há 300 centros de vacinação a funcionar no país, afirmou o ministro da Saúde Paulo Pimenta

Portugal já tem mais de 2,3 milhões de pessoas vacinadas com a dose de reforço da vacina contra a covid, revelou esta quarta-feira o ministro da Saúde. Na comissão parlamentar, onde é ouvido sobre política geral da saúde, Manuel Pizarro lembrou o plano estratégico para o Inverno, criado pelo ministério, salientando que o programa de transição de alta hospitalar organizado com as Misericórdias e instituições particulares de solidariedade social (IPSS) já permitiu disponibilizar 700 vagas para internar utentes que já não precisam de cuidados hospitalares.

Na audição, o ministro reforçou a importância da vacinação, especialmente no contexto do Inverno, e revelou que, até ontem, “2,3 milhões fizeram a dose de reforço covid, número que está em linha com o que prevemos”. “A meta é a vacinação de 3 milhões até ao Natal”, recordou, referindo que existem 300 centros de vacinação, que já estão a convocar as pessoas com mais de 55 anos. Posteriormente à audição, os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde actualizaram o número de vacinados contra a covid para mais de 2,4 milhões e anunciaram o modelo de “casa aberta” para as pessoas com mais de 60 anos.

“O que faz a diferença é a vacinação. Estou muito satisfeito, os nossos serviços e profissionais, e o apoio essencial que temos recebido das Forças Armadas, merecem esse vivo elogio”, disse, acrescentando que nos lares todos os utentes e profissionais elegíveis já foram vacinados. Também já estão vacinados mil sem-abrigo e decorre igualmente o processo de imunização nas prisões.

Manuel Pizarro referiu que estão a ser tomadas medidas para melhorar a organização dos serviços de saúde e reduzir a procura das urgências, com a revisão dos fluxogramas do SNS24, aumento do acesso a esta linha e a existência de 176 centros de saúde com horários alargados.

“Estamos a organizar um sistema de telemonitorização para lares. A ideia é conseguir melhorar os cuidados de saúde, também com as equipas dos agrupamentos de centros de saúde e hospitais que se deslocam proactivamente aos lares, procurando melhorar a situação de saúde e o fluxo às urgências”, salientou, acrescentando que na área hospitalar “temos instalado equipas de coordenação das vagas”.

O ministro destacou ainda o “programa de transição de altas, organizado com as Misericórdias e as instituições de solidariedade social, que permitiu dar 700 vagas” para acolher utentes que permanecem internados nos hospitais mas sem indicação clínica para tal. Este, afirmou, é um “número embrionário em relação às vagas que vamos disponibilizar”. Quando apresentou o plano de Inverno, Manuel Pizarro disse que já tinham 500 vagas garantidas, com especial prioridade para a região de Lisboa e Vale do Tejo, onde a pressão hospitalar mais se faz sentir.

Medicina interna com vagas desertas

O ministro falou também das colocações do internato médico da especialidade, que foram conhecidos esta terça-feira. Apesar de o número de colocados ter aumentado ligeiramente em relação ao concurso anterior, neste ficaram 161 vagas por preencher. “É verdade que as vagas não foram todas ocupadas, mas também não esperava que o fossem”, tendo em conta que o número de médicos que terminaram a formação geral era inferior ao mapa de vagas colocado a concurso. Embora 11% dos médicos que terminaram a formação geral não tenham querido escolher vaga agora. “No ano passado, foram 18%, portanto houve uma melhoria.”

Pizarro afirmou que esta estratégia será para manter, “de modo a garantir o regresso ao SNS de uma parte dos médicos excluídos [anteriormente], porque os mapas eram inferiores aos candidatos”. Na sequência de uma pergunta relacionada com a medicina interna, Manuel Pizarro reconheceu que ficaram vagas vazias nesta especialidade, que “parece estar menos atractiva do que no passado”.

“É uma especialidade muito penosa, e a criação recente da especialidade de medicina intensiva corresponde em larga medida a médicos que estariam a escolher medicina interna se essa especialidade não existisse. O maior contingente de intensivistas foi sempre historicamente fornecido por especialistas de medicina interna, e em alguns casos também anestesiologia e outras especialidades. Temos de ver como criamos condições de maior atractibilidade para uma especialidade que é essencial para o funcionamento dos hospitais, e em vários hospitais este ano, como tinha acontecido no passado, ficaram vagas por ocupar em medicina interna e precisamos de uma explicação para isso.”

Em resposta ao deputado do PCP João Dias, ainda sobre o mesmo tema, Manuel Pizarro disse, do que é do conhecimento do Ministério da Saúde, haver números fiáveis de quantos médicos existem sem especialidade. “Dado significativo é termos criado condições para 222 médicos regressarem ao SNS. Não sei se é bom o método que propõe de um concurso intermédio. Tenho receio de que seja entendido pelos médicos que vão fazer o exame nesse ano como uma forma de se sentirem ultrapassados e gerar um novo problema.”

Por causa da questão da falta de médicos, o ministro voltou a ser questionado pelo PSD sobre se estará disponível para regulamentar as unidades de saúde familiar modelo C – que permite que sejam geridas pelo sector privado e social. “Vamos estudar um plano de contingência para resolver o problema de acesso aos cuidados de saúde primários para as regiões de Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve e, nesse contexto, essa medida está a ser equacionada”, disse.

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