O novo aeroporto e a “roda da bicicleta” de Pedro Nuno Santos
O ministro das Infra-estruturas não espera que a decisão que política que o Governo deverá tomar em 2024 agrade a todos.
O ministro das Infra-estruturas defende que a decisão que vier a ser tomada sobre o novo aeroporto, depois de conhecido o relatório da comissão técnica independente, deverá privilegiar a existência de um hub em Lisboa. Na conferência organizada pelo PÚBLICO e pelo Conselho Económico e Social (CES), Pedro Nuno Santos socorreu-se da imagem de uma “roda de bicicleta” para explicar o que, na sua visão, deve ser o aeroporto de Lisboa.
“A melhor forma de entender o modelo hub and spoke é olhar para uma roda de uma bicicleta. Tem o hub no meio e depois tem os raios que são as rotas dos aviões que se encontram no centro. A roda da bicicleta é uma boa imagem para perceber o que o aeroporto da região de Lisboa pode ser. Os aviões vêm de destinos diferentes, encontram-se num ponto, e passageiros que vêm de origens diferentes passam a encontrar-se noutros aviões para o mesmo destino”, ilustrou Pedro Nuno Santos.
O governante usou a imagem para defender que a decisão que for tomada terá de privilegiar aquela que é a “pérola”, a vantagem que Portugal tem em matéria aeroportuária – por razões geográficas mas também históricas, ou seja, a existência de um hub. Isto porque um hub “dá centralidade” e esta “traz negócio”, disse, acrescentando que o hub “dá mais do que turismo” já que a TAP “pode exportar até mil milhões de euros em exportações líquidas”.
O governante sinalizou ainda não esperar que a decisão política que for tomada, previsivelmente em 2024 depois de o Governo receber o relatório da comissão técnica, seja consensual. Pedro Nuno Santos disse que o tema do aeroporto mostra que “cada cabeça sua sentença”, antecipando que nenhuma das soluções “será aplaudida pelo todo nacional”.
Na intervenção que fechou a conferência, o ministro das Infra-estruturas defendeu ainda que a solução que for escolhida não deve ser um peso para as gerações futuras que as obrigue a reabrir o dossier. Referindo-se a erros anteriores nas projecções de procura aeroportuária – lembrou a este propósito que as melhores previsões de procura que foram feitas aquando da privatização da ANA foram largamente ultrapassadas –, Pedro Nuno Santos pediu uma solução que “não fechasse portas”.
“Não precisamos de fazer um aeroporto com com quatro pistas amanhã. Mas era importante que não fechássemos portas”, disse.
O ministro defendeu que Portugal não pode adiar mais a decisão e disse ser quase impossível como é que o hub funciona com o aeroporto da Portela saturado – “a grelha de slots para o Verão de 2023 está toda a vermelho” – quando o aeroporto de Madrid tem quatro pistas.