Pavilhão de Portugal na Bienal de Veneza recebeu 67 mil visitantes

Direcção-Geral das Artes considera “notáveis” os números da representação nacional, assumida por Pedro Neves Marques, num ano em que o evento bateu recordes de afluência.

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O projecto Vampires in Space, de Pedro Neves Marques, instalou-se no Palácio Franchetti CORTESIA BIENAL DE VENEZA

O Pavilhão de Portugal na Bienal de Arte de Veneza, que recebeu nesta edição o projecto Vampires in Space, de Pedro Neves Marques, acolheu mais de 67 mil visitantes durante os sete meses da exposição internacional, anunciou esta segunda-feira a Direcção-Geral das Artes (DGArtes).

O número global de 67 mil visitantes é considerado “notável” pela DGArtes, entidade responsável pela representação oficial na bienal italiana, considerada um dos eventos mais importantes no calendário das artes plásticas.

A 59.ª Exposição Internacional de Arte da Bienal de Veneza, que encerrou no domingo — com o maior número de visitantes da sua história, 800 mil —, contou com a participação de 80 países, tendo a representação oficial de Portugal apresentado o projecto de Pedro Neves Marques no Palácio Franchetti, situado mesmo em frente à Galeria da Academia, um dos museus mais importantes da cidade​.

Pedro Neves Marques, cineasta e escritor, é o primeiro artista assumidamente não-binário a representar Portugal.

Na edição anterior da bienal, em 2019, a representação portuguesa, a cargo da artista Leonor AntunesA seam, a surface, a hinge or a knot ("Uma costura, uma superfície, uma dobradiça ou um nó"), intervenção concebida para o Palácio Giustinian Lolin — recebeu 39.159 visitantes.

Segundo a Bienal de Veneza, os números gerais deste ano, que marcam um aumento de 35% em relação à edição de 2019, não se explicam apenas pelo prolongamento da duração do evento em 24 dias. “Mesmo considerando a maior duração da exposição [de 173 para 197 dias], o aumento continua a ser substancial, particularmente tendo em conta as restrições às viagens impostas pela pandemia. Esta é a maior afluência de visitantes em 127 anos de história da Bienal de Arte.”

O projecto queer de Pedro Neves Marques, com curadoria de João Mourão e Luís Silva, consistiu numa instalação multimédia composta por cinco poemas, três filmes e uma cenografia, contando a viagem de cinco vampiros e um humano a um planeta longínquo.

No espaço, os visitantes eram confrontados com “questões-chave do nosso tempo”, nomeadamente os processos identitários, a sexualidade e a reprodução queer, a ecologia, o “transumanismo” e a biopolítica, recorda a DGArtes no comunicado desta segunda-feira.

O trabalho de Pedro Neves Marques enquadrou-se no tema geral da exposição internacional da 59.ª edição da Bienal de Veneza, lançado pela curadora-geral Cecilia Alemani, Milk of Dreams, inspirado na obra da artista surrealista britânica Leonora Carrington, que repensa o mundo através da imaginação, as simbioses entre todos os seres vivos e a natureza, bem como as suas metamorfoses.

Vampiros no Espaço vai ser apresentado em Portugal no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, e a itinerância do projecto continuará depois com apresentações na Haus der Kunst, em Munique, na Alemanha, e na galeria Pivô, em São Paulo, no Brasil, adianta a DGArtes, sem indicar datas precisas.

O projecto terá uma publicação editada e distribuída muito brevemente pela Sternberg Press, indica ainda aquele organismo.

A 59.ª edição da Bienal de Veneza abriu ao público a 23 de Abril, e encerrou com um recorde de visitas, num total de mais de 800 mil bilhetes vendidos (sem contar com as 22.498 pessoas dos dias da inauguração). Na sua maioria (59%), recebeu visitantes estrangeiros. Cerca de um terço eram jovens.

Além de Pedro Neves Marques, outros artistas portugueses apresentaram o seu trabalho no contexto da bienal, como a pintora Paula Rego, a única com trabalho apresentado na exposição internacional, enquanto Pedro Cabrita Reis, Diana Policarpo e Mónica de Miranda estiveram presentes em eventos paralelos.

Nesta edição, o pavilhão do Reino Unido foi distinguido com o Leão de Ouro para a melhor participação nacional, a cargo da artista Sonia Boyce. Foram atribuídas ainda menções especiais aos pavilhões nacionais de França e do Uganda.

O prémio de melhor participação na exposição principal foi ganho pela escultora norte-americana Simone Leigh, enquanto o artista Ali Cherri (Líbano) levou o Leão de Prata para jovem participante. Houve ainda menções especiais para as artistas Shuvinai Ashoona (Canadá) e Lynn Hershman Leeson (EUA).

As artistas Katharina Fritsch (Alemanha) e Cecília Vicuña (Chile) receberam o Leão de Ouro pelas suas carreiras.