Alemanha renasce com Espanha e volta a sonhar

Depois de terem estado a perder, germânicos conseguem o empate na fase final do encontro e estão nas contas do apuramento graças ao triunfo da Costa Rica sobre o Japão.

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Álvaro Morata festeja depois de marcar o golo da Espanha MOLLY DARLINGTON/Reuters

Do mal o menos, terão pensado os adeptos alemães quando festejaram o golo de Fullkrug aos 83’. Estava alcançado o empate frente à Espanha (1-1) numa emocionante partida. Não era o ideal, mas a ajuda da Costa Rica, ao bater o Japão horas antes, deixou a equipa europeia a ver uma luz ao fundo do túnel. Com apenas um ponto somado precisa agora vencer o último encontro e da ajuda dos espanhóis. Os “oitavos” voltaram a ficar ao alcance.

O primeiro grande embate do Mundial do Qatar, entre a Espanha e a Alemanha, surgiu no sorteio para esta competição como uma potencial final antecipada entre dois crónicos candidatos ao título, para definir a hierarquia do apuramento do Grupo E da fase de grupos. Mas, por culpa própria, transformou-se numa verdadeira luta pela sobrevivência para os germânicos, que comprometeram bastante as suas aspirações com a inesperada derrota frente ao Japão na ronda de estreia (1-2).

O cenário pré-partida não se tornou particularmente dramático para os alemães porque, horas antes, foi a vez dos japoneses desiludirem ao serem derrotados pela Costa Rica, que havia sido humilhada e goleada pelos espanhóis, por 7-0, na primeira partida. É verdade que a selecção conduzida por Hansi Flick chegava a esta partida no último lugar da classificação, mas à sua frente passava a ter três adversários com três pontos, permitindo-lhe voltar a depender de si própria para alcançar a fase seguinte.

Uma derrota da Espanha deixaria todas as selecções empatadas pontualmente e mesmo um empate já não inviabilizaria o apuramento dos alemães, ainda que os obrigasse a vencerem a terceira partida e a dependerem de terceiros e de golos.

Para o conjunto de Luis Enrique a contabilidade era bem mais simples. Um triunfo garantia desde já o apuramento e, eventualmente, o primeiro lugar face à enorme diferença entre golos marcados e sofridos. Perder também não seria uma tragédia, mas poderia complicar a conquista do primeiro lugar, que iria cruzar nos oitavos com o segundo classificado do Grupo F: Marrocos, Croácia ou Bélgica (o Canadá já está eliminado).

Memória remota

Contra os alemães corria ainda a estatística. A última vitória imposta à Espanha era uma memória remota, obrigando a recuar à fase de grupos do Euro 1988, quando venceu por 2-0. De lá para cá, as duas selecções reencontraram-se por mais cinco vezes, com dois empates e três triunfos para os espanhóis, o último, há dois anos, com uma goleada por 6-0, na Liga das Nações. Pelo meio, a selecção ibérica ainda bateu o poderoso oponente na final do Euro 2008 (1-0) e nas meias-finais do Mundial de 2010, que viria a ser o único conquistado pela Espanha até ao momento.

Com seis jogadores do Bayern Munique na equipa titular alemão e cinco do Barcelona entre os espanhóis, o jogo lembrou também os embates entre os dois colossos do futebol europeu de clubes. Neste contexto, o histórico favorecia totalmente a equipa germânica, que venceu e convenceu os últimos seis encontros, nomeadamente com um 8-2 imposto na Catalunha nos quartos-de-final da Liga dos Campeões da temporada 2019-20. No total, os alemães apontaram 22 golos e sofreram apenas quatro.

Ao contrário do que aconteceu com a Costa Rica, a Alemanha encontrou argumentos para contrariar a circulação de bola espanhola, com uma pressão alta, procurando condicionar Sergio Busquets logo no início da construção. Nada que evitasse a primeira grande oportunidade, ainda numa fase madrugadora. Aos 7’, após quase dois minutos de posse, encontrou-se espaço para Dani Olmo rematar e proporcionar uma grande defesa a Neuer, com a bola ainda a embater na barra e no poste.

Num encontro bem disputado, intenso, os alemães responderam bem, procurando defender longe da sua baliza e encostando o adversário em vários momentos do jogo ou precipitando o erro: aos 25’, o guarda-redes Unai Simon colocou a bola nos pés de Gnabry na área, que a devolveu bem perto do poste. Também de bola parada, os germânicos procuraram soluções, com o central Rüdiger a marcar, aos 40’, após um livre lateral, mas ligeiramente à frente da linha de fora de jogo.

Mais consequente poderia ter sido um remate de Kimmich dentro da área aos 57’, que Unai Simon defendeu. Não marcou a Alemanha, mas a Espanha seria menos perdulária, cinco minutos depois. Após uma grande jogada, Olmo abriu para Jordi Alba cruzar da esquerda e Morata, que entrara aos 54’, desviar para as redes com um toque de classe.

A igualdade estava desfeita e por pouco também o moral alemão. A equipa de Hansi Flick não demorou a responder e esteve perto do empate, aos 73’, mas Unai Simon voltou a ser inultrapassável, defendendo um tiro de Musiala. O cronómetro não parava e começava a faltar discernimento aos germânicos. Mas ainda tiveram tempo de igualar, aos 83’, numa boa jogada atacante, com o incontornável Musiala a tocar na área para Fullkrug (entrado aos 70’) marcar e deixar a sua equipa ligada à corrente nesta fase de grupos.

A empate não foi quebrado e é agora fundamental vencer a Costa Rica e esperar que os espanhóis façam a sua quota parte frente ao Japão. É complicado, mas está longe de ser impossível. Já a Espanha, só uma hecatombe impedirá a sua continuidade em prova.

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