Ayatollah Khamenei quer “vândalos e terroristas” castigados

O líder supremo iraniano deu instruções às milícias Bassij, sob seu comando, para punirem as pessoas que participam nas manifestações anti-regime.

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Ali Khamenei fez um discurso perante as milícias Bassij Reuters/IRANIAN SUPREME LEADER OFFICE/WA

O líder supremo do Irão, o ayatollah Ali Khamenei, deu ordem às milícias Bassij, as forças paramilitares dependentes da autoridade máxima iraniana, para que “castiguem” os “vândalos e terroristas” que, na sua opinião, estão por trás dos protestos que abalam o país desde a morte da jovem curdo-iraniana Mahsa Amini, enquanto estava sob detenção, alegadamente por ter usado de forma errada o véu islâmico.

Num discurso perante centenas de membros desta milícia, Khamenei voltou a apontar os EUA como responsáveis pelos protestos, integrando-nos no conflito mais geral que envolve igualmente as negociações sobre o acordo nuclear iraniano.

“O campo de batalha resume-se a um punhado de vândalos que se passeiam pelas ruas, mas isso não significa que devam ser ignorados. Qualquer vândalo, qualquer terrorista, deve ser castigado”, afirmou o ayatollah.

O líder supremo iraniano também rejeitou os apelos para que sejam implementadas reformas na sequência da morte da jovem. “Há quem sugira que se deve ‘escutar a voz da nação’, mas a voz estrondosa deste país já se fez ouvir nas dez milhões de pessoas que assinalaram o funeral do mártir Soleimani”, declarou, referindo-se ao general Qasem Soleimani, morto num bombardeamento norte-americano no Iraque no início de 2020.

“A voz da nação”, continuou o líder supremo iraniano, “escuta-se nos funerais dos nossos mártires e nos lemas do povo contra o terrorismo e vandalismo”.

Finalmente, o ayatollah comemorou a recente vitória da selecção nacional de futebol no jogo do Mundial do Qatar contra o País de Gales, mas não fez qualquer referência à polémica dos últimos dias, quando os jogadores se negaram a entoar o hino nacional, num alegado gesto de protesto contra a repressão contra os manifestantes que já causou mais de 400 mortes, de acordo com organizações não-governamentais. “Fizeram as pessoas felizes”, declarou o líder supremo.

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