PSD está mais perto do PS, mas Chega e CDU é que crescem mais
Os partidos de André Ventura e de Paulo Raimundo são os que mais beneficiam dos pontos perdidos por PS e PSD desde Outubro. Para Belém, no topo das preferências está Gouveia e Melo.
Um PS a perder terreno nas intenções de voto (mais de quatro pontos percentuais) e cada vez mais perto de um PSD que também não consegue melhorar a sua marca (menos 2,8 pontos face a Outubro). É assim que o mais recente barómetro da Intercampus, publicado nesta sexta-feira no Correio da Manhã e no Jornal de Negócios, “pinta” a realidade política portuguesa. Os partidos que mais beneficiam da queda desta dupla são o Chega (mais 2,2 pontos) e a CDU (mais 2,8).
Se as eleições fossem neste momento, o PSD nem precisava de se aliar ao partido de André Ventura para ficar à frente do PS sozinho (24,2%), bastava juntar-se à Iniciativa Liberal (juntos, teriam 28,7%). Porém, para bater PSD e IL, o PS apenas precisaria de se unir ao BE ou à CDU e teria 30,3% ou 29,6%. Se a análise for feita em termos de blocos de esquerda (PS/BE/CDU e Livre) ou de direita (PSD/Chega/IL e CDS), ganha o segundo com um total de 41,4% das intenções de voto contra 38%, mantendo-se uma tendência que tem vindo a ganhar forma desde Abril. Neste cenário, nem os 2,3% do PAN fariam a diferença.
Vamos à fotografia do momento. O PS continua (desde as eleições) a ser o partido preferido dos inquiridos com 24,2% das intenções de voto (tinha 28,3 em Outubro) e já muito longe de maioria absoluta. Segue-se o PSD com 22% (desceu de 24,8 há um mês). O Chega mantém-se em terceiro lugar e reforçou a percentagem de preferências de 9,2 para 11,4. A IL também não mudou de posição: continua em quarto, agora com 6,7% (tinha 7,3%). O Bloco foi o único partido que não melhorou nem piorou: tem 6,1% das intenções de voto, tal como em Outubro. A CDU ganhou quase três pontos percentuais, passando de 2,6% para 5,4%, mas não foi suficiente para sair de sexto lugar. Livre e PAN estão empatados com 2,3% e evoluíram de 2,2 e 1,8 no mês passado, respectivamente. O CDS está em último com 1,3% (tinha 0,6%).
Acontecimentos variados podem justificar as alterações no panorama político no último mês. Desde logo, a mudança do líder comunista. Após quase duas décadas como secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa passou a pasta a um anónimo que foi durante muitos anos funcionário do partido: Paulo Raimundo. Essa mudança pode ter tido um resultado positivo no eleitorado, dando um novo fôlego à CDU. No caso do PS, a queda não será indiferente à demissão de Miguel Alves, o secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro que se viu envolvido em vários casos de justiça, acabando acusado pelo Ministério Público de prevaricação pela sua actuação enquanto presidente da Câmara de Caminha. Já a Iniciativa Liberal iniciou um processo de mudança de líder que foi entretanto adiado para Janeiro, deixando o partido em stand by até lá, o que aparentemente teve efeitos na sondagem.
E para Belém, quem vai à frente?
Um dia antes, outra sondagem da Intercampus feita para o Correio da Manhã e para a CMTV avaliou as intenções de voto nas presidenciais e o almirante Gouveia e Melo surgiu à frente de todas as preferências (15,9%), perante a pergunta: “Qual destes candidatos prefere para Presidente da República?” No entanto, quando se muda o ângulo da questão para “E qual acha que vai ganhar as eleições?”, o caso muda de figura e António Costa surge destacado com 21,3%.
Na lista de preferidos, é Pedro Passos Coelho quem surge em segundo, apenas separado do almirante por 0,7 pontos percentuais. Em terceiro está António Costa, com apenas 9,6%. Mas o segundo com mais hipóteses de vitória, para os inquiridos, é Gouveia e Melo com 15,4% (menos 5,9 pontos). No campeonato dos que têm mais hipóteses de vitória, Passos surge em terceiro, com 13,9%.
Ambas as sondagens sobre eleições legislativas e presidenciais referidas neste texto foram realizadas pela Intercampus para o Correio da Manhã, a CMTV e o Jornal de Negócios. Foram feitas 605 entrevistas (universo) a pessoas distribuídas pelas diferentes faixas etárias e regiões do país, com matrizes de quotas por género e idade. A recolha da informação fez-se por entrevista telefónica entre 15 e 20 de Novembro. Para um intervalo de confiança de 95%, a margem de erro está mais ou menos em 4%. A taxa de resposta foi de 61,9%.