Não sei por que me lembrei da morsa. A morsa tinha até nome e era absolutamente encantadora rodopiando os seus seiscentos quilos dentro de água, indiferente à gravidade e ao olhar dos humanos, ora mergulhava ora emergia descansando arrimada ao casco de um barco de recreio que se afundava sob a montanha de gordura, um inopinado banho de mar e sol num ancoradouro no fiorde de Oslo (era Agosto), sonhando porventura com as ostrinhas de Lewis Carroll ou cantarolando para dentro a música abstrusa dos Beatles I Am the Walrus, “Eu sou a Morsa”, embora mais tarde John Lennon tenha confessado que na altura não se havia apercebido de que a morsa era o vilão da história: “Oh shit, I picked the wrong guy. I should have said, ‘I am the carpenter”.
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