Interrogatório de 36 suspeitos de tráfico humano adia instrução para Janeiro
Adiamento decorre da necessidade de utilizar a sala onde costumam decorrer as diligências do caso BES/GES para interrogar os 35 suspeitos de escravizar migrantes no Alentejo.
A audição de três testemunhas no âmbito da instrução do processo BES/GES foi adiada para final de Janeiro devido ao interrogatório judicial dos 36 suspeitos de escravizar migrantes no Alentejo, adiantou à Lusa fonte ligada ao processo.
De acordo com a fonte, a audição das três testemunhas, entre as quais Christopher de Beck, ex-vice-presidente do BCP, fica agendada para 27 de Janeiro, já próximo do final do prazo determinado em Junho deste ano pelo Conselho Superior da Magistratura (CSM) para a conclusão da fase de instrução deste processo que tem como principal arguido o ex-banqueiro Ricardo Salgado.
O adiamento decorre da necessidade de utilizar a sala onde normalmente decorrem as diligências do caso BES/GES, que é uma das maiores do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), para interrogar os 36 suspeitos detidos esta quarta-feira pela Polícia Judiciária no âmbito de uma investigação, iniciada há cerca de um ano, a uma alegada rede criminosa internacional que contratava trabalhadores estrangeiros para a agricultura no Baixo Alentejo.
A 1 de Junho o CSM deu ao juiz Ivo Rosa, que na altura tutelava a instrução, um prazo de oito meses para terminar esta fase processual, o que remetia para Fevereiro de 2023.
O juiz foi entretanto promovido ao Tribunal da Relação de Lisboa — cuja efectivação está pendente da conclusão de um processo disciplinar — e substituído no TCIC pelo juiz Pedro Santos Correia.
O processo BES/GES contava inicialmente com 25 arguidos (18 pessoas e sete empresas) e foram acrescentadas posteriormente mais cinco pessoas, mas três empresas deixaram entretanto de ser arguidas, restando agora 27 arguidos (23 pessoas e quatro empresas).
Considerado um dos maiores processos da história da justiça portuguesa, este caso agrega no processo principal 242 inquéritos, que foram sendo apensados, e queixas de mais de 300 pessoas, singulares e colectivas, residentes em Portugal e no estrangeiro.
Segundo o Ministério Público (MP), cuja acusação contabilizou cerca de quatro mil páginas, a derrocada do Grupo Espírito Santo (GES), em 2014, terá causado prejuízos superiores a 11,8 mil milhões de euros.