TAP cancela 360 voos nos dias da greve dos tripulantes em Dezembro
Transportadora aérea diz que a medida “terá um grande custo” mas que só assim é possível “mitigar os inconvenientes causados aos clientes”.
A greve dos tripulantes de cabina da TAP marcada para os dias 8 e 9 de Dezembro levou ao cancelamento por parte da empresa de 360 voos programados para esses dois dias, uma quinta-feira que coincide com um feriado de carácter religioso (dia da Imaculada Conceição) e uma sexta-feira.
De acordo com a companhia aérea, esta medida foi tomada para “evitar que os clientes com voos reservados para estas datas sejam ainda mais afectados pela incerteza sobre se o seu voo, devido à greve, terá ou não lugar”. O cancelamento dos voos, e a sua comunicação aos passageiros, “já começou”, segundo a empresa, acrescentando que irá propor “voos alternativos, em datas diferentes, ou outras soluções que sejam aceites pelo cliente”. “Esta decisão terá um grande custo para a TAP, mas é a decisão certa para proteger os nossos passageiros”, afirmou a empresa em comunicado. Segundo a presidente da companhia, Christine Ourmières-Widener, citada pela Lusa, serão afectados cerca de 50.000 passageiros, com uma perda associada de oito milhões de euros em receitas.
De acordo com a empresa, “a definição de serviços mínimos pode ser feita até três dias antes do início da greve”, argumentando ainda que o sindicato dos tripulantes de cabina, o SNPVAC, “se recusou a antecipar a consulta aos seus membros, que só está programada para 6 de Dezembro, apenas dois dias antes do início da greve”.
A empresa diz que já recebeu o aviso oficial da greve, o que, alega, confirma “o cenário mais difícil e a total inflexibilidade” do sindicato “para negociar uma solução que não prejudique os clientes, a companhia e os portugueses”. “Desde a primeira reunião, destinada a evitar a greve, a TAP apresentou ao SNPVAC propostas concretas que justificariam a não realização da greve e que seriam de grande benefício para os membros da tripulação de cabina, mas o SNPVAC não as quis apresentar aos seus associados”, acusa a companhia.
A greve foi decidida em assembleia geral dos tripulantes de cabina da TAP ligados ao SNPVAC no dia 3 de Novembro, “por incumprimento e desrespeito das condições de trabalho” e desagrado pela proposta de novo acordo de empresa apresentada pela administração. Depois disso, houve reuniões entre o sindicado e a gestão, mas terminaram sem consenso. Do lado da TAP, a empresa emitiu uma nota interna na segunda-feira passada na qual destacou que, “apesar de todos os esforços da companhia para evitar esta greve, que negociou e consensualizou com o SNPVAC soluções com um impacto de cerca de oito milhões de euros, ou seja, cerca de três mil euros por cada tripulante de cabina”, a proposta da empresa “não foi sequer apresentada por este sindicato, em tempo útil, aos seus associados, de forma a tentar evitar a realização da greve”.
Já o sindicato, liderado por Ricardo Penarroias, enviou também na segunda-feira um comunicado aos seus associados, referindo que, com a formalização de uma proposta de acordo feita pela TAP apresentada no dia 18, “veio um ultimato ao SNPVAC de que, ou existia uma antecipação à auscultação dos seus associados até dia 22 de Novembro, ou então não faria sentido a proposta negociada ser formalizada”. De acordo com o sindicato, havia uma “impossibilidade estatutária” de conseguir convocar uma reunião de tripulantes de cabina no prazo indicado.
Este bloqueio surge após “dois dias intensos de reuniões” durante os quais, diz o SNPVAC, as partes envolvidas “procuraram soluções para sanar o diferendo” de uma forma construtiva”. “Apesar de ser uma proposta que considerámos de imediato insuficiente – já que a empresa não abdica de certas posições –, seria nossa intenção levá-la à consideração dos associados na AG [assembleia geral] de dia 6 de Dezembro.”