Espanha desafiou monstros das maiores goleadas em Mundiais

Hungria estabeleceu a fasquia nos dois dígitos, há 40 anos, enquanto Portugal figura no quadro de honra com sete golos sem resposta à Coreia do Norte, em 2010.

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Reuters/PETER CZIBORRA

A Inglaterra arranhou, no Qatar, frente ao Irão - que cilindrou por 6-2 - a superfície do grande patamar das maiores goleadas da história de fases finais de Campeonatos do Mundo. Agora, a Espanha ameaçou entrar no top cinco, selado desde 2002 com o retumbante 8-0 da Alemanha à Arábia Saudita.

Desde então, registo para os 7 golos sem resposta de Portugal frente à Coreia do Norte, no Mundial da África do Sul, há 12 anos.

A Espanha entrou em acção a despachar, na primeira jornada do grupo E, a Costa Rica por 7-0. Depois do poder de fogo revelado pelos ingleses frente ao Irão, coube a um dos candidatos e vencedor do Mundial de 2010 mostrar a fúria do futebol espanhol. Um jogo sem grande história, como acabam por ser, invariavelmente, as maiores goleadas.

No topo dos resultados mais desnivelados encontramos quatro selecções europeias e uma sul-americana e apenas dois campeões do Mundo: Uruguai e Alemanha. Dos seis resultados que encabeçam esta lista, apenas um foi registado no século XXI. Mas vamos por partes.

Hungria 10, El Salvador 1 (1982)

Afinal quem detém o desfecho mais robusto? Não, nem Brasil, nem Argentina, nem Países Baixos... é a Hungria que surge no cume, com um 10-1 frente a El Salvador, no Mundial de Espanha, em 1982, torneio conquistado pelo cinismo italiano - passou em segundo na primeira fase de grupos com dois golos marcados e dois sofridos -, em absoluto desprezo pelo volume dos resultados.

Hungria 9, Coreia do Sul 0 (1954)

Hungria que acabou eliminada na primeira fase de grupos, atrás de Bélgica e Argentina. Nesse ano, a Hungria repetiu o feito conseguido em 1954, na Suíça, quando arrasou a Coreia do Sul por 9-0. A selecção magiar chegou tranquilamente à final, onde perdeu (3-2) com a Alemanha... que havia goleado (8-3) na fase de grupos.

Jugoslávia 9, Zaire 0 (1974)

Duas décadas depois, a Jugoslávia aplicou dose igual (9-0) no confronto com o estreante Zaire, treinado pelo jugoslavo Blagoje Vidinic, que após sofrer três golos em 20 minutos decidiu substituir o guarda-redes... Graças à diferença de golos, a Jugoslávia superou Brasil e Escócia na fase de grupos, caindo da fase seguinte com três derrotas e dois golos marcados.

Suécia 8, Cuba 0 (1958)

Já um degrau abaixo, na casa dos oito golos sem resposta, é preciso recuar até ao França 1938, antes da II Guerra Mundial, para perceber como a semifinalista Suécia acabou com o sonho cubano nos quartos-de-final do terceiro Mundial da história, ganho pela Itália... pela segunda vez consecutiva. O formato a eliminar promoveu a maior goleada fora de uma fase de grupos muito graças a Gustav Wetterström e a Harry Andersson, cada um com um hat-trick. Um feito inédito, pois nunca nenhuma selecção conseguiu um duplo hat-trick.

Uruguai 8, Bolívia 0 (1950)

No Mundial seguinte, 12 anos mais tarde, no Brasil, o Uruguai mostrou frente à Bolívia (8-0), antes da fase decisiva, que estava decidido a repetir a proeza de 1930. No primeiro jogo, na fase de grupos (havia dois grupos de quatro equipas, um de três e o dos uruguaios, com duas equipas), o Uruguai atropelou os bolivianos antes de se sagrar campeão em quatro desafios, já que não houve final, mas um mini-torneio com Brasil, Espanha e Suécia.

Alemanha 8, Arábia Saudita 0 (2002)

Já no século XXI, a Alemanha registou o resultado mais desnivelado, com um 8-0 frente à Arábia Saudita no Mundial Coreia do Sul/Japão. Miroslav Klose foi o herói desse jogo, com o segundo hat-trick de cabeça da história de fases finais, emulando o feito do checo (ex-Sporting) Tomas Skuhravy 12 anos antes. Klose é um dos 13 estreantes em Mundiais que assinaram um hat-trick na primeira aparição, não existindo registo de mais nenhum desde 2002.

E é aqui que entra a goleada de Espanha, pelos mesmos números das aplicadas por Uruguai à Escócia, em 1954; pela Turquia à Coreia do Sul, também no Mundial da Suíça; pela Polónia ao Haiti, duas décadas depois, e por Portugal à Coreia do Norte, em 2010.

Apenas um ponto para fazer justiça ao pentacampeão do mundo, já que pertencem ao Brasil as duas maiores goleadas em finais, com um triunfo por 5-2 ante a Suécia, em 1958, e por 4-1 sobre a Itália, em 1970, no México.

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