PÚBLICO na Escola, Vozes de Gaia, Artéria, P Superior e TRUE (que vai arrancar em Janeiro) são os projectos dinamizados pelo PÚBLICO para a promoção não só da literacia mediática, mas também da “cidadania e da participação cívica”, como refere o director-adjunto do jornal David Pontes. Ainda antes da sua primeira edição, já o PÚBLICO na Escola era uma realidade, como explica a jornalista Bárbara Simões, uma das co-responsáveis pela iniciativa.

“O PÚBLICO foi pioneiro nesta área da educação para os media no sentido em que quando começou a dar os primeiros passos, ainda antes de chegar às bancas, já estava em marcha um projecto muito ligado às escolas e muito focado nesta ligação entre um mundo e outro”, desenvolve. Hoje, mais de 30 anos depois, a iniciativa conta com o apoio do Ministério da Educação e da Fundação Belmiro de Azevedo e pretende “contribuir para ajudar os mais novos a serem mais capazes de ler o mundo”.

Assente em dois eixos essenciais, a iniciativa leva, por um lado, o jornal para a sala de aula como recurso pedagógico. E, por outro lado, promove o jornalismo escolar e a elaboração de trabalhos jornalísticos, por exemplo através do Concurso Nacional de Jornais Escolares, cujos prémios são entregues esta terça-feira de manhã, na redacção do PÚBLICO de Lisboa.

Todo este processo é feito numa lógica de “aprender fazendo”. “É mesmo pôr a mão na massa”, explica a coordenadora. Todos os anos o PÚBLICO na Escola permite que milhares de estudantes consigam aproximar-se do mundo jornalístico, ao mesmo tempo que acedem a informação credível e aprendem a distingui-la da desinformação.

“O nosso combate à desinformação passa por aproximá-los [aos alunos] do mundo da informação e não de uma maneira passiva, mas incentivando-os a fazer trabalhos jornalísticos”, remata Bárbara Simões. “Hoje é preciso saber ler de uma outra maneira e é por isso que é tão importante que este trabalho passe pela escola e a começar logo nos mais novos.”

TRUE: como criar um jornal escolar?

Com o intuito de facilitar a criação dos jornais escolares vai nascer o TRUE, o projecto que une o PÚBLICO à Universidade de Aveiro e à empresa de tecnologias digitais MOG. “Temos vindo a construir um BackOffice para jornais escolares, o que, explicando para um leigo na matéria, é um WordPress para jornais escolares”, explica David Pontes. A iniciativa pretende levar o digital ao jornalismo escolar, uma vez que, “e por estranho que pareça”, a maioria dos jornais escolares a concorrer ao concurso nacional são em papel, afiança.

“Acho que tem a ver muito com o suporte e com o facto de isso se distinguir de onde estão todos os dias: se estão todos os dias nas redes tem piada fazer uma coisa que é física, mas ao mesmo tempo tem também que ver com os meios que as pessoas têm para concretizar” os jornais, desenvolve. “Percebemos que havia também alguma vontade de fazer jornais digitais mas as pessoas não sabiam como.” O projecto deverá “estar cá fora” em Janeiro.

Esta ferramenta vai contar com algumas características específicas que vão além da simples redacção de um artigo. “O TRUE vai acompanhando a escrita com questões de ortografia, que é importante no público-alvo, e também com links para outras notícias que digam respeito àquela matéria, com uma ferramenta que diga se há plágio, com uma credenciação das fontes que são usadas”, exemplifica o director-adjunto.

Promover o jornalismo de proximidade entre residentes

Já o Vozes de Gaia simula “pequenas redacções temporárias num espaço físico” para pessoas acima dos 55 anos de idade. Mais uma vez, a iniciativa assente numa lógica de aprender e ensinar fazendo. “Ninguém está lá a dar aulas, os residentes de Gaia são acompanhados por monitores que trabalharam em jornalismo, que são jornalistas, e que os ajudam a encontrar temas e a despistar outros, ao mesmo tempo a perceber coisas interessantes sobre a tua terra.”

Ou seja, o objectivo passa por “ajudá-los a navegar melhor nas redes e na confusão mediática, aumentando assim a sua literacia mediática”. O projecto em concreto promove ao mesmo tempo o jornalismo de proximidade, que “recuou muito por causa da crise dos media”.

“O que defendo nestes projectos é que nós não somos só os tipos que dão notícias, somos tipos que têm sobre a realidade uma série de ferramentas para que as notícias e aquilo que a gente faz se aproximem da verdade”, sublinha David Pontes.

Debater sobre a cidade

Com uma temática semelhante, mas mais voltado para a promoção “da cidadania” e de “participação cívica” está o Artéria. Sem limites etários nem geográficos, mas mais focado na realidade lisboeta, o projecto, apoiada pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, pretende “trazer pessoas para fazer jornalismo de proximidade, fazer um bocadinho jornalismo cidadão, que, no fundo, é olhar à sua volta”.

A iniciativa conta com a participação de estudantes de jornalismo, ex-jornalistas, entre outros, e promove visitas a determinados locais assim como debates “sobre temas que andam em torno das questões de Lisboa”, por exemplo.

O P Superior, que esta terça-feira conhece a sua 4.ª edição, assenta num programa que ajuda a pagar assinaturas do PÚBLICO a estudantes do ensino superior. “Essas assinaturas, por um lado, pretendem reforçar a ligação dos leitores a meios de comunicação social profissionais”, explica David Pontes. “Acompanhamos esse programa normalmente com colóquios, newsletter que ajudam a solidificar esta ligação.”

A ideia, “e até porque os jornais têm nas assinaturas o suporte da sua subsistência” é que as pessoas aprendam e percebam a utilidade de ter uma assinatura, o que “também é um reforço de literacia mediática”.