Mesmo com pouco sumo, a “laranja mecânica” entrou a vencer
Num duelo equilibrado, dois golos na parte final garantiram o triunfo da “laranja mecânica” contra o Senegal, em partida do Grupo A do Mundial 2022.
Em teoria, era o primeiro jogo de desfecho imprevisível do Mundial 2022. Na prática, confirmou-se que um duelo entre Senegal e Países Baixos seria pautado pelo equilíbrio. No entanto, mesmo mostrando ainda pouco sumo — mérito da exibição competente dos senegaleses — a “laranja mecânica” resistiu e entrou a vencer, por 2-0, no Qatar. Na segunda partida do Grupo A, os campeões africanos nunca permitiram que os europeus fizessem o jogo de posse que tanto gostam e, após um braço de ferro em que a vitória podia ter caído para ambos os lados, a “laranja mecânica” foi mais feliz: com golos de Cody Gakpo (84’) e Davy Klaassen (90’+9’), os neerlandeses ficaram em posição privilegiada para chegarem aos oitavos-de-final.
Um dia depois de o Equador confirmar que tem trunfos para entrar na luta pelos dois primeiros lugares do Grupo A, e do Qatar não exibir argumentos para ambicionar chegar ao final da prova com pontos, a estreia de Senegal e Países Baixos mostrou que, aos 70 anos, Louis van Gaal continua a ser imprevisível.
Oito anos depois de levar o seu país às meias-finais do Mundial 2014 e de ter trocado os seus guarda-redes para o desempate por grandes penalidades nos “quartos” frente ao Chile, o seleccionador neerlandês voltou a ser audaz nas opções para a baliza.
Com Jasper Cillessen fora da convocatória, a opção número 1 para a baliza seria, olhando para os últimos jogos, o experiente Remko Pasveer, guarda-redes do Ajax. Porém, com van Gaal, a lógica está longe de prevalecer. Assim, com uns irrisórios 50 jogos no currículo ao longo de carreira de quase uma década ao serviço de clubes modestos como o NAC Breda, Foggia, FC Dordrecht e Go Ahead Eagles, Andries Noppert fez, aos 28 anos, a estreia como internacional no principal palco do futebol mundial.
Excentricidades de Louis van Gaal à parte – Noppert acabou por ser importante para a vitória dos Países Baixos —, partida em Doha ficou marcada pela ambição do Senegal, que nunca se deixou subjugar pelo rival europeu.
Com um “onze” exclusivamente composto por jogadores que competem em campeonatos europeus, alguns deles em papel de destaque em clubes habituados a disputar a Liga dos Campeões — Édouard Mendy, Koulibaly, Abou Cissé, Diallo ou Gueye —, o Senegal conseguiu durante o primeiro terço da partida ser superior no Al Thumama, criando um par de oportunidades de perigo.
A partir dos 30 minutos, no entanto, os Países Baixos conseguiram equilibrar o jogo, mas a primeira parte terminou sem golos e muitos motivos para sorridos do lado neerlandês. Com o 4x2x3x1 africano a ganhar quase sempre ao 3x4x3 europeu, a segunda parte manteve a tendência de um jogo muito repartido, onde os lances de perigo para Mendy surgiam quase sempre de lances de bola parada, enquanto Noppert tinha que se aplicar após jogadas bem construídas pelos senegaleses.
Porém, com a ameaça do primeiro “nulo” no Mundial a tornar-se demasiado real, Mendy faz a diferença: aos 84’, o titular do Chelsea foi precipitado a sair dos postes e Gakpo, que surgiu no meio dos centrais do Senegal, fez de cabeça o primeiro golo.
A partir daí, a selecção comandada por Aliou Cissé arriscou e ainda podia ter restabelecido o empate — Gueye com um remate potente obrigou Noppert a uma defesa difícil —, mas, no nono minuto de descontos, após um contra-ataque, Klaassen aproveitou uma defesa incompleta de Mendy e garantiu que, ao quinto duelo, os Países Baixos continuam invictos frente a equipas africanas em Mundiais.