Activistas espalham dezenas de cartazes publicitários pelo fim ao fóssil em Lisboa
Activistas climáticos substituíram publicidade por cartazes que apelam ao fim do gás natural e combustíveis fósseis. Acção coincide com final da COP27 e da semana de protestos dos alunos pelo clima.
Em Lisboa, muitos cartazes publicitários foram substituídos no domingo por outros anúncios que pedem o fim do gás natural: “Gás tão natural como a extinção” ou “Gás fóssil é crime climático e crime social”, lê-se em alguns dos cartazes expostos em paragens de autocarro. Segundo o movimento de activismo climático Climáximo – que não organizou a acção, mas a divulgou e demonstrou solidariedade – foram substituídos 200 cartazes que defendem que apostar em combustíveis fósseis é empurrar o planeta “para o colapso climático”.
Em comunicado, a organização Climáximo e a campanha “Gás é andar para trás” disseram estar solidários com os activistas pela justiça climática que mudaram os cartazes e explicam que este protesto aconteceu durante a “quinzena de acções Fracasso Climático e da chamada internacional ZAP Games”. Segundo a Climáximo, é a primeira vez que uma equipa portuguesa participa e o objectivo era ligar “a crise do custo de vida e a crise climática aos lucros recordes das empresas fósseis em Portugal, em particular Galp, Ren e EDP”.
A Climáximo explica que esta é uma táctica chamada “subvertising”, que se destina “a combater a invasão permanente da paisagem e das mentes dos milhões de pessoas que são expostas todos os dias a dezenas de milhares de anúncios”.
Esta acção coincide com o final da Cimeira do Clima das Nações Unidas (COP27) em que foi dado um passo histórico ao ser aprovado um acordo para um fundo para financiar perdas e danos causados pelos efeitos das alterações climáticas em países mais vulneráveis – ainda que todo o processo para o criar e financiar esteja em aberto. Mas os cientistas dizem que é preciso fazer-se mais e na COP27 não se chegou a um novo compromisso para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e limitar o aquecimento do planeta a 1,5 graus Celsius (em relação aos níveis pré-industriais).
Os cartazes foram espalhados pela capital portuguesa duas semanas depois do início da ocupação de escolas e faculdades em Lisboa pelo “fim ao fóssil”. Foram organizados protestos e ocupações na escola artística António Arroio, na Escola Secundária de Camões (mais conhecida por Liceu Camões), na Faculdade de Letras (FLUL) e na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, no Instituto Superior Técnico (IST) e também na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova de Lisboa.
Quatro activistas foram detidos por estarem a ocupar a FLUL e cinco activistas foram também detidas depois de se colarem na entrada do Ministério da Economia e do Mar após um encontro com o ministro. Os alunos sentem que não estão a ser ouvidos e terminaram as ocupações em protesto pelo clima na semana passada.
Nesta segunda-feira foi anunciado o movimento #NãoEstãoSozinhas que tem por objectivo criar uma onda de apoio e manifestação aos estudantes detidos nas semanas passadas em protesto pelo clima. A Greve Climática Estudantil está a convocar ainda uma manifestação para o exterior do Campus de Justiça, em Lisboa, para o dia 29 de Novembro, quando acontecerá o julgamento dos quatro estudantes detidos na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. O objectivo é que o apoio possa ser dado de forma presencial ou, em alternativa, através de mensagens, vídeos e fotografias nas redes sociais com a frase “não estão sozinhas”.