Ex-primeiro-ministro procura apoios após eleição renhida na Malásia
Muhyiddin Yassin precisa do apoio de pelo menos 112 deputados para governar. Neste momento tem 101. Partido islamista foi o mais votado.
À procura de soluções para formar um novo governo, depois das eleições legislativas, realizadas no sábado, não terem produzido nenhuma maioria parlamentar óbvia, o antigo primeiro-ministro (2020-2021) da Malásia, Muhyiddin Yassin, garantiu este domingo o apoio de dois relevantes blocos políticos.
Pertencente à coligação Perikatan Nasional, Muhyiddin anunciou que tem o respaldo de dois blocos regionais da ilha do Bornéu. O número de deputados que o apoiam cresce, assim, dos 73 para os 101, mas ainda não são suficientes para alcançar a maioria – para tal são necessários 112 deputados.
“Estou confiante de que irei obter o apoio de deputados suficientes para que o rei me nomeie primeiro-ministro”, afirmou este domingo, sem esclarecer, no entanto, quem podem ser os deputados ou partidos que faltam.
O líder da oposição, Anwar Ibrahim,, cuja coligação Pakatan Harapan conquistou o maior número de lugares no Parlamento (82), também está à procura de apoios junto de outros partidos.
Uma eleição com inédito desfecho inconclusivo provocou a pior derrota de sempre da aliança Barisan Nasional, do primeiro-ministro, Ismail Sabri Yaakob – elegeu apenas 30 dos 178 círculos eleitorais em que concorreu.
Os resultados eleitorais vêm prolongar a incerteza no país do Sudeste Asiático, que já teve três primeiros-ministros diferentes em três anos e que se encontra num período de desaceleração económica e de crescimento da inflação.
Esta instabilidade reflecte uma transformação num país que sempre foi um dos mais estáveis, em várias décadas, numa região que recentemente tem sido palco de golpes militares e insurreições violentas.
O Gabungan Parti Sarawak, um dos blocos políticos regionais do Bornéu, anunciou que está disponível para trabalhar com Muhyiddin e com aliança Barisan Nasional para formar governo.
O palácio real informou os partidos que têm até às 14 horas de segunda-feira (6h em Portugal continental) para apresentar o nome do deputado que acreditam que possa conseguir uma maioria parlamentar.
O número recorde de eleitores malaios participou nas eleições de sábado e castigou a coligação multiétnica de Ismail, liderada pelo partido UMNO, a principal força política da Malásia, há vários anos.
Os temas raciais e religiosos são polarizadores num país de maioria muçulmana, mas com importantes comunidades étnicas chinesas e indianas.
Um dos principais vencedores das eleições foi o PAS, um partido islamista, que conseguiu, individualmente, eleger o maior número de deputados.