Mito: imagem dos cartazes dos protestos pelo clima no lixo é de agora?
Fotografia tem mais de quatro anos e não foi tirada após as manifestações pelo clima feitas pelos estudantes nesta última semana.
Uma imagem mostra uma série de cartazes deitados em torno de caixotes do lixo (incluindo do papelão), em que se pede “justiça climática” e que “não parem o futuro”. Esta fotografia voltou a ser partilhada depois dos protestos pelo clima dos últimos dias, mas a imagem não é de agora: foi publicada pela primeira vez em 2018. Apesar disso, tem sido partilhada nas redes sociais como se fosse resultado das manifestações em defesa do clima feitas por alunos nesta última semana.
Vários utilizadores de redes sociais fizeram publicações com esta fotografia dos cartazes nos últimos dias, acusando os alunos de não terem “noções básicas de tratamento de resíduos e reciclagem” e de serem “réstias de uma manifestação sobre um planeta verde”. Muitos outros utilizadores desmentiram e explicaram que a fotografia era antiga, que não estava relacionada com as manifestações recentes. A imagem é, na verdade, de 2018 e não de 2022.
Segundo uma notícia do Polígrafo de 2019, os cartazes foram utilizados numa manifestação de Abril de 2018 em que era pedido o cancelamento do furo de prospecção de petróleo perto de Aljezur. A fotografia foi tirada na Avenida Guerra Junqueiro, em Lisboa.
Segundo a notícia da agência Lusa publicada no PÚBLICO a 12 de Abril de 2018 (dois dias antes do protesto), a manifestação foi organizada por “uma plataforma que congrega 32 das principais organizações portuguesas de ambiente e de defesa do património, nacionais e locais, movimentos cívicos, autarcas e partidos políticos”.
A imagem foi partilhada pela primeira vez no dia 2 de Maio de 2018 por Luísa Teresa Ribeiro no Facebook, segundo contou a autora da fotografia ao Polígrafo. A fotografia em causa foi depois partilhada a 4 de Maio de 2018 no Reddit (no subfórum r/portugal), com o título “despojos de uma manifestação”.
Não é a primeira vez que esta imagem é partilhada fora de contexto: depois do protesto contra a prospecção de petróleo de 2018, a imagem voltou a ser partilhadas nas redes sociais noutras ocasiões em que houve manifestações climáticas, como se se tratasse de uma imagem actual.
Nos últimos dias, vários estudantes de escolas e faculdades de Lisboa ocuparam os estabelecimentos de ensino, prepararam palestras sobre a crise climática e manifestaram-se nas ruas e nas escolas pelo “fim ao fóssil” e por mais acção contra as alterações climáticas.
Cinco alunas foram detidas na terça-feira por terem colado as suas mãos na entrada do Ministério da Economia e do Mar, depois de terem tido uma reunião com o ministro, António Costa Silva. Pediram a sua demissão, mas o ministro recusou. Quatro outros alunos foram detidos na noite de sexta para sábado depois de terem ocupado a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL).
O movimento “Fim ao fóssil” decorreu em quatro núcleos estudantis: além da FLUL, participaram também alunos da escola artística António Arroio, da Escola Secundária de Camões (mais conhecida por Liceu Camões), da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova de Lisboa e também do Instituto Superior Técnico (IST). As ocupações nas escolas e universidades terminaram na segunda-feira.