Braga, Guimarães e Porto estão entre as 21 cidades europeias consideradas líderes em termos de acção climática e transparência na partilha de dados ambientais, revela uma listagem divulgada esta quinta-feira pela organização sem fins lucrativos CDP. A Lista de Cidades A de 2022 inclui ainda capitais como Atenas, Madrid, Oslo e Paris, além de centros urbanos de referência como Barcelona, Haia e Florença.
“Estou feliz por ver tantas cidades na Europa estarem a fazer o seu caminho na acção climática. O resultado é muito positivo, 21 cidades europeias entraram na lista A – e nem sempre é fácil cumprir todos os critérios”, afirmou ao PÚBLICO Mirjam Wolfrum, directora da CDP para as Políticas de Participação na Europa, numa videoconferência.
Para alcançar a pontuação A, as cidades têm não só de disponibilizar publicamente dados ambientais através de uma plataforma chamada “CDP-ICLEI”, mas também dispor de um inventário de emissões e um plano de acção climática. São consideradas ainda várias acções em domínios diferentes, como o transporte, a energia, a gestão de resíduos, a segurança alimentar e hídrica, a adaptação e a mitigação.
“Tendo em conta a meta de [limitar o aquecimento global] a 1,5 graus Celsius, e sabendo que a janela para a alcançar está a fechar-se muito rapidamente, é bom ver a liderança que vários centros urbanos estão a ter na implantação de medidas importantes”, refere Mirjam Wolfrum.
A Finlândia é o país com mais cidades classificadas como A (cinco). A exemplo de Portugal, a Noruega e Espanha contam, cada uma, com três cidades consideradas líderes ambientais. A Lista de Cidades A avaliou este ano mais de mil centros urbanos mundiais, incluindo mais de cem na Europa. Na edição de 2022, várias cidades do hemisfério sul estrearam-se na pontuação máxima, da peruana Lima à jordana Amã, passando pela indiana Bombaim.
Todas as cidades da listagem da CDP têm metas de energia renovável e objectivos claros de redução de emissões. Estes esforços de mitigação devem ter dois alvos simultâneos: um a longo prazo, voltado para a neutralidade carbónica (até 2050), e outro a médio prazo, ligado à quota-parte “justa” que a cidade deve dar para limitarmos o aquecimento global a 1,5 graus Celsius.
Braga, Porto e Guimarães
Braga, por exemplo, tem o objectivo de reduzir as emissões em 55% até 2030 e atingir a neutralidade carbónica até 2050. O Porto, por sua vez, garante que a electricidade utilizada em todas as infra-estruturas municipais resulta de um contrato de 46 gigawatts obtidos a partir de fontes 100% renováveis.
“Desde 2018, por quatro vezes, já foi classificada com nota máxima (duas vezes A- e duas vezes A) no âmbito da liderança e transparência dos projectos que está a implementar na acção climática”, recorda Sofia Ferreira, vereadora do Ambiente da Câmara de Guimarães, numa nota enviada ao PÚBLICO.
A responsável vimaranense dá como exemplo do “trabalho contínuo” na área climática a descarbonização do transporte público, as ecovias do Ave, Selho e Vizela, a promoção da eficiência energética nos edifícios públicos e a estratégia para a economia circular Rrrciclo.
“As três cidades portuguesas que alcançaram a lista A em 2022 têm um historial interessante na disponibilização de dados. Esta é a oitava vez que Braga partilha publicamente informação [ambiental], a sexta vez de Guimarães e a sétima do Porto. Todas tiveram uma pontuação semelhante à dos anos anteriores”, observa Mirjam Wolfrum, elogiando a participação portuguesa.
Mirjam Wolfrum recorda que, apesar dos resultados positivos no que toca a esforços de mitigação, os centros urbanos não podem descurar medidas de adaptação às mudanças climáticas. Um relatório da CDP, também publicado este ano, mostra que quatro em cinco cidades mundiais estão expostas a ameaças climáticas. É preciso encontrar soluções e sistemas que permitam proteger as populações de eventos climáticos extremos como ondas de calor ou cheias.
A CDP é uma organização sem fins lucrativos que gere o sistema mundial de divulgação ambiental. A União Europeia financia esta entidade – até recentemente denominada “Carbon Disclosure Project” (e daí a sigla em inglês) – que apoia investidores, empresas, cidades e regiões na avaliação dos impactes ambientais.