IGAI abre inquérito a publicações de membros da GNR e da PSP nas redes sociais
Foram divulgadas esta quarta-feira milhares de publicações incitadoras de ódio e violência escritas por membros das forças de segurança.
A Inspecção-Geral da Administração Interna vai abrir um inquérito à veracidade das notícias que referem a publicação, por agentes das forças de Segurança, de mensagens nas redes sociais com conteúdo discriminatório e que incitam ao ódio,.
O ministro José Luís Carneiro determinou à Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI) “a abertura de inquérito, imediato, para apuramento da veracidade dos indícios contidos nas notícias de hoje sobre a alegada publicação, por agentes das forças de segurança, de mensagens nas redes sociais com conteúdo discriminatório, incitadoras de ódio e violência contra determinadas pessoas”, segundo uma nota do gabinete do ministro da Administração Interna enviada às redacções.
Um consórcio de jornalistas de investigação divulgou esta quarta-feira (no PÚBLICO, Expresso, SIC e Visão) que mais de três mil publicações de militares da GNR e agentes da PSP, nos últimos anos, mostram que as redes sociais são usadas para fazer o que a lei e os regulamentos internos proíbem.
O Ministério da Administração Interna afirma na nota divulgada esta quarta-feira que “estas alegadas mensagens, que incluem juízos ofensivos da honra ou consideração de determinadas pessoas, são de extrema gravidade e justificam o carácter prioritário do inquérito agora determinado à IGAI” — o ministro José Luís Carneiro foi contactado pelos jornalistas do consórcio antes da publicação do trabalho mas recusou dar uma entrevista.
No trabalho são apresentados diversos casos de publicações como: “Procura-se sniper com experiência em ministros e presidentes, políticos corruptos e gestores danosos”, diz o texto sobre a imagem do cano de uma espingarda que um militar da GNR de Vendas Novas tinha publicado no Facebook.
“Enquanto não limparem um ou dois políticos, não fazem nada…”, sugere um militar da GNR de Setúbal no grupo fechado Colegas GNR.
Todos os agentes e militares da PSP e da GNR que escreveram estas frases nas redes sociais estão no activo. Muitos deles usam o seu nome verdadeiro e os seus perfis pessoais para fazer ameaças e praticar uma longa lista de crimes públicos, bem como dezenas de infracções muito graves aos seus códigos de conduta e estatuto profissional.