Inaugurada em Lisboa casa de acolhimento temporário de vítimas de violência doméstica
Espaço Júlia funciona 24 horas por dia, durante todo o ano, na Rua Luciano Cordeiro. Nasceu há vários anos e tornou-se num ponto de referência seguro para vítimas de violência doméstica.
O Espaço Júlia, um projecto social de apoio às vítimas de violência doméstica na freguesia de Santo António, em Lisboa, inaugurou esta terça-feira um apartamento de acolhimento temporário para vítimas que se encontram em “risco elevado”.
Em declarações à agência Lusa, o presidente da Junta de Freguesia de Santo António, Vasco Morgado, informou que o espaço de acolhimento é um T2 com várias camas beliche num dos quartos, duas camas individuais num outro quarto e um sofá-cama, onde será possível acolher, além das vítimas adultas, crianças, recém-nascidos e animais.
O Espaço Júlia - RIAV (Resposta Integrada de Apoio à Vítima) é um espaço de atendimento que funciona 24 horas por dia, durante todo o ano, na Rua Luciano Cordeiro.
Nasceu de uma parceria entre a Polícia de Segurança Pública (PSP), o Centro Hospitalar de Lisboa Central e a freguesia lisboeta, e tem como objectivo a intervenção directa nas denúncias deste crime em articulação com as diversas entidades.
O espaço inaugurado — o primeiro do projecto para acolhimento — pretende dar resposta aos casos de vítimas de “risco elevado” de violência doméstica, avaliados pela técnica de serviço do Espaço Júlia e pela polícia no local, sem “dependerem de uma vaga na Santa Casa para aquele momento”, explicou Vasco Morgado.
O autarca revelou que esta é a primeira vez que a Câmara de Lisboa dá resposta a um pedido feito “há muito tempo” e que este apoio habitacional irá permitir, “de uma forma mais ordeira e escalonada, arranjar uma casa de abrigo [para acolhimento permanente] para a pessoa ou para as pessoas que necessitem”.
As vítimas podem ficar no T2 “os dias suficientes para a situação da casa de abrigo ser despoletada”, ou seja, para a vaga no acolhimento permanente ser atribuída.
Presente na inauguração, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, afirmou que a autarquia dará ao Espaço Júlia todo o apoio necessário.
“Eu penso que o Espaço Júlia deveria existir noutras freguesias. É um projecto-piloto que poderá ser estendido para toda a cidade, mas também para todo o país, porque realmente temos que combater estes problemas, defender aqueles que precisam de ser defendidos e proteger os que estão a sofrer”, disse hoje Carlos Moedas.
O nome do projecto traduz-se numa homenagem a uma idosa, de 77 anos, que vivia na Rua Luciano Cordeiro e foi assassinada, em Setembro de 2011, pelo marido, com quem era casada há mais de 30 anos.