Polícia britânica acusa Kevin Spacey de sete novos crimes sexuais
Ascendem a 12 as acusações de que o actor terá de se defender em Junho do próximo ano em Londres.
O actor norte-americano Kevin Spacey vai ser acusado de mais sete crimes sexuais no Reino Unido, anunciou esta quarta-feira a polícia britânica. As novas acusações, relativas a actos alegadamente cometidos contra um mesmo homem entre 2001 e 2004, juntam-se assim às cinco de que o actor já é alvo naquele país.
O anúncio da Divisão Especial de Crime da Polícia Metropolitana britânica é citado esta manhã pelo tablóide Daily Mail e pela edição online do canal Sky. Em Maio, a polícia “autorizou a formalização de acusação criminal contra Kevin Spacey, de 62 anos, por quatro crimes de agressão sexual contra três homens”, como disse na altura Rosemary Ainslie, responsável pela Divisão Especial de Crime. “Também foi acusado de fazer com que uma pessoa participasse em sexo com penetração sem consentimento”, acrescentou.
Agora, a mesma responsável é citada pelo Daily Mail dizendo que a unidade “autorizou novas acusações de crime contra Kevin Spacey, [agora com] 63 anos, por uma série de agressões sexuais cometidas contra um homem entre 2001 e 2004”. A polícia adicionou a essas novas acusações uma outra por fazer com que uma pessoa participasse em actividade sexual sem consentimento.
Como Spacey, cujo nome é um dos mais proeminentes a sair da vaga de denúncias encetadas em 2017 no âmbito do movimento #MeToo, é já acusado de uma série de outros ataques contra três homens em Londres e em Gloucestershire (entre 2005 e 2013), ascendem assim a 12 as acusações que sobre ele pendem. Kevin Spacey, além de actor oscarizado por Beleza Americana, foi também director artístico do emblemático teatro Old Vic em Londres entre 2004 e 2015, altura durante a qual terão sido cometidos vários dos alegados actos em causa.
Quando Anthony Rapp lançou a primeira acusação pública sobre Spacey, em 2017, dizendo que ele o tentou violar quando o também actor tinha apenas 14 anos, a denúncia levou não só à revelação pública da homossexualidade de Kevin Spacey mas também a uma série de outras queixas contra o actor – nomeadamente oriundas do Reino Unido e do interior do Old Vic. Os responsáveis do teatro admitiriam depois ter recebido 20 queixas de “comportamento inadequado” da parte de Spacey e que não terão agido em conformidade.
Em 2017, e depois de mais queixas sobre comportamento agressivo e uma alegação de agressão sexual terem surgido por parte de trabalhadores da série House of Cards, que Spacey protagonizava, a Netflix reconheceu ter conhecimento de um dos casos mas disse ter sido informada que o mesmo fora “resolvido rapidamente”. A Netflix e a produtora da série acabariam por expulsar o actor de House of Cards.
Em Outubro último, Spacey foi ilibado da queixa de abuso sexual apresentada por Rapp num tribunal em Nova Iorque. O júri considerou que a acusação não conseguiu dar por provado que Spacey esteve com Rapp no quarto de sua casa e lhe tocou nos genitais, actos que segundo o queixoso, e como tende a ocorrer em situações de intimidade, consentida ou não, não foram de facto testemunhados por terceiros.
Kevin Spacey tem-se declarado inocente das acusações de que é alvo, tanto em tribunal quanto publicamente. Se for considerado culpado de algum dos crimes de agressão sexual de que está acusado no Reino Unido, o actor pode vir a ser punido com pena de prisão até seis meses. Já a moldura penal prevista para o crime de sexo não consentido vai, no limite, até à prisão perpétua.
O julgamento de Kevin Spacey no Reino Unido deverá começar a 6 de Junho de 2023 e tem duração prevista de três semanas.