Missão da NASA à Lua já fez a primeira selfie com a Terra
Depois da descolagem às 6h48 desta quarta-feira, a cápsula Órion tirou as primeiras imagens da Terra – a mais de 90 mil quilómetros de distância. Há 50 anos que não tínhamos um retrato similar.
É mais do que o “ponto azul-pálido” descrito por Carl Sagan em referência a uma imagem tirada pela sonda Voyager I. Na verdade, o que vemos é um formato moderno: uma selfie da cápsula Órion com a Terra bem nítida ao fundo do plano. São as primeiras imagens que a cápsula da missão Ártemis I, lançada esta manhã, tira do nosso planeta.
Os primeiros planos surgiram quando estávamos perto das 9h30 de viagem desde a descolagem do foguetão Space Launch System (SLS), a partir do Centro Espacial Kennedy, na Florida (Estados Unidos). Com a Órion acoplada ao topo do foguetão, a primeira hora viu a cápsula despojar-se dos elementos que só lhe serviram de “empurrão”. Agora, a mais de 90 mil quilómetros de distância da Terra, a Órion está bem entregue.
“No vosso ecrã, estão a ver as primeiras imagens da Terra”, anunciava a comentadora na transmissão da NASA. “Esta imagem da Terra captada por um radar humano de um veículo espacial não era vista desde 1972, durante a última missão Apolo”, contextualizava.
É a primeira imagem da Terra para a “geração Ártemis”. O novo programa espacial norte-americano iniciou, esta quarta-feira, o primeiro capítulo do regresso dos humanos à Lua: um teste de voo não tripulado em torno da Lua, para garantir que tudo está a funcionar correctamente. Eram 6h48 quando a missão Ártemis I deu o tiro de partida, depois de vários adiamentos, furacões e fugas de hidrogénio líquido.
O sistema de imagem não é meramente para tirar fotografias à (ou com a) Terra. Na verdade, irá sobretudo coleccionar retratos do satélite natural do nosso planeta, a Lua. As 16 câmaras da Órion (a que se juntam oito no SLS) permitem ainda registar os momentos fulcrais da viagem e perceber se existem problemas não detectados em tempo real.
A viagem da Órion pelo espaço durará quase 26 dias. Inicialmente estavam previstos 42 dias, caso a missão Ártemis I tivesse descolado no final de Agosto. Os responsáveis da NASA afirmam, ainda assim, que este corte não belisca os objectivos científicos e técnicos desta primeira viagem da Órion.
No futuro também levará astronautas, mas este é apenas um ensaio. Portanto, a bordo da Órion seguem, desta vez, outro tipo de astronautas. O comandante é o manequim “Moonikin Campos”, numa homenagem a Arturo Campos, engenheiro com um contributo fundamental no regresso da missão Apolo 13 à Terra em segurança. Há também Helga e Zohar, dois outros manequins que avaliarão as condições a que os humanos estarão sujeitos, e ainda dois astronautas mais famosos: um boneco da ovelha Choné e um do Snoopy.
Ao longo destas mais de três de semanas, a Órion testará as operações, infra-estruturas ou sistemas de comunicação e navegação presentes na cápsula, bem como a capacidade de armazenar dados – que serão recuperados quando regressar a Terra.
E no regresso, também há desafios. O maior de todos será demonstrar que o seu escudo térmico consegue resistir às condições de alta velocidade e de elevadas temperaturas (2800 graus Celsius) presentes aquando do reingresso na atmosfera terrestre.
O regresso da Órion à Terra está previsto para 11 de Dezembro.